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domingo, 21 de março de 2010

21 DE MARÇO: UM DIA PARA REFLETIR, PROPOR E COMEMORAR!


Em 21 de março de 1960, em Sharpeville, na África do Sul, uma manifestação pacífica contra as injustas leis do passe - documento obrigatório só para negros, com anotações que determinavam por onde eles poderiam circular - foi reprimida pela polícia que atirou nos manifestantes que pediam o fim do apartheid, o antigo sistema de separação entre negros e brancos naquele país africano. O resultado foi um verdadeiro massacre: 67 mortos e centenas de feridos, que, na época, causou horror ao mundo civilizado, pois, os manifestantes negros queriam, apenas, ser tratados como cidadãos. Por causa disso, a ONU (Organizações das Nações Unidas) estabeleceu o 21 de março como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Neste sentido, a ONU recomenda e enaltece os países – com tradição africana em primeiro lugar – que celebrem este dia como uma forma de fortalecer a união das etnias em todo o mundo.

Antes de falar da importância do dia 21 de março, gostaria de fazer uma viagem ao 1º dia de dezembro de 1955, mais especificamente, no estado de Alabama, que fica na região sudeste dos Estados Unidos. Lá aconteceu um fato que, também, entrou para a história mundial de combate ao racismo, foi o caso de Rosa Parks, que depois ficou conhecida mundialmente como Rosa de Alabama. Neste dia, ela estava voltando para casa, depois de mais um dia cansativo de trabalho, e ousou se sentar no banco do ônibus. De imediato, o motorista avisou que caso não levantasse, teria de levá-la para ser presa. Ela disse: faça isso! Sem querer, ela causou uma das maiores revoluções em prol da igualdade racial. Por 381 dias os negros de Montgomery se recusaram a entrar nos ônibus, foi, sem dúvida, o maior boicote da historia americana. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.

Trouxe o caso de Rosa de Alabama à baila por entender que o 21 de março – assim como o nosso 13 de maio – tem um simbolismo muito grande nas questões raciais, entretanto, esta data só foi estabelecida pela ONU depois de muitas reivindicações e resistências em prol da igualdade racial. A formalidade da data não veio por pura bondade das autoridades, mas sim depois de muitos debates e, também, sangue, suor, lágrimas, que continuaram após 1960, com casos mundialmente conhecidos: as mortes de Martin Luther King Jr e Steve Biko e a prisão de Nelson Mandela.

Atualmente, a maioria dos países já não mais tolera a discriminação racial. A recomendação da ONU foi de suma importância para que os países signatários começassem a adotar políticas públicas de promoção à igualdade racial. Os Estados Unidos que é um referencial, conseguiu fazer com que os negros – ainda que só representem 12% da população americana – chegassem ao poder através de políticas públicas bem debatidas e administradas pelo Estado. Como exemplos destas políticas, posso citar: os antigos secretários de Estado Condoleezza Rice e Colin Powell e o ator Will Smith, que atualmente é o artista mais bem pago de Hollywood graças aos incentivos financeiros dados pelo governo para que as empresas cinematográficas contratassem negros para seus filmes. Caso contrário, hoje, certamente, não conheceríamos alguns possuidores do oscar de melhor ator, como: Denzel Washington, Forest Whitaker e Cuba Gooding Jr. Aqui no Brasil, bem que o governo poderia fazer políticas de incentivo para as telenovelas, pois é gritante a anomalia de um país multirracial como o nosso ter como atores principais de telenovelas pessoas “monocromáticas”.

Outro fato mundial, de suma importância para eliminação da discriminação racial, foi idealizado por um ilustríssimo brasileiro, João Havelange. Ele é o responsável pela escolha do País de Steve Biko e Nelson Mandela para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2010. O Ex-presidente da FIFA entende que o futebol é o maior exemplo de integração entre povos e raças, e que o fato do continente africano sediar uma Copa do Mundo será um ato determinante para a eliminação da discriminação racial. Graça a este brasileiro, cinqüenta anos depois do massacre em Sharpeville, a África do Sul volta a ser notícia em todo mundo, tendo como destaque a alegria de um povo que vem conhecendo o significado da palavra igualdade.

No Brasil, as crianças negras têm um índice de mortalidade infantil 50% maior que as crianças brancas, os jovens negros são tidos pelos policiais como “suspeitos da cor padrão”, o ganho do negro no mercado de trabalho é metade do branco que ocupa a mesma posição, dados para refletir! Aumentar os recursos públicos destinados às políticas de afirmação e criar incentivos para que o setor privado contrate afrodescendentes com o objetivo de amenizar as distorções entre negros e brancos, é uma proposição! A lei 7716/89 que define os crimes resultantes do preconceito de raça ou cor e a Constituição Federal – Art 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível – são motivos de comemoração. Por fim, 21 de março é um dia para refletir, propor e comemorar!