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domingo, 18 de abril de 2010

EMERGÊNCIA? FAVOR PROCURAR OUTRO HOSPITAL!


Na semana passada, 13 de abril, foi aprovado o novo código de ética médica. Ele tem 118 artigos e atualiza regras e princípios que o médico deve obedecer no exercício da profissão. Dentre as mudanças estão: a receita e o atestado médico têm de ser legíveis; o paciente tem direito a uma segunda opinião e a ser encaminhado a outro médico; e abandonar plantão é falta grave. Fica a indagação: quais serão os resultados práticos dessas mudanças? Será que haverá resultados satisfatórios? Ou será mais uma legislação para “inglês” ver?

O agravamento da punição para o médico que falta ou abandona o plantão aparenta ser eficaz, entretanto, só aparenta! Estudar para passar no vestibular em medicina e cursar seis anos de universidade em regime integral abnegando festas, cinema, praia e outras diversões não é uma situação confortável, requer muita perseverança. Porém o que motiva a grande maioria dos aspirantes a médico a manter uma disciplina no estudo – que é uma atividade, muitas vezes, solitária e enfadonha – é o desejo de ser médico de uma grande rede de hospital ou ser dono de uma clínica de sucesso, entretanto nem todos conseguem realizar seus sonhos e acabam sendo plantonistas em hospitais públicos, sem infraestrutura e com excesso de pacientes espalhados pelo chão.

Os estudantes de medicina do Brasil são um recorte do segmento social economicamente privilegiado (para os contrários às cotas, dos milhares de professores de medicina do Brasil, quantos são negros?), isso influencia diretamente na qualidade do atendimento médico. Para uma melhor elucidação da minha afirmativa, farei uma analogia com as tropas do Exército brasileiro no Haiti. Segundo um dos generais que comandou as tropas do Haiti, os soldados cariocas se destacam nas operações militares desenvolvidas no Haiti porque estão acostumados a conviverem com pessoas humildes e locais sem saneamento básico e cheio de lixo, pois as condições do Haiti são semelhantes às das favelas do Rio. Logo, as pessoas que vão trabalhar com outras que não fazem parte do seu “habitat” tende a ter dificuldade, ou seja, no Brasil que há muitos formadores de opiniões que criminalizam os negros e a pobreza, imagine como deve ser a adrenalina de um profissional de medicina que foi criado no Leblon, Morumbi ou na Graça quando vai ser plantonista do hospital público localizado em Queimados, Higienópolis ou Mussurunga? Muitos faltam porque acham que vão correr risco de vida! Será que considerar falta grave a ausência ou o abandono do plantão vai solucionar o problema da falta de médico?

No Brasil, por lei, os estados têm que gastar 12% e os municípios 15% das suas receitas com políticas públicas de saúde. Somadas as verbas dos estados e dos municípios para a área de saúde com as verbas da União o resultado é centenas de bilhões de reais, são tantos zeros que não ouso colocar de forma numérica, pois com certeza esqueceria algum zero dos cifrões. Enquanto isso, pelos interiores do Brasil, há prefeituras oferecendo um salário de vinte mil reais para médico e não consegue preencher a vaga. Precisa-se de médicos!

Torço muito para que em breve a sociedade brasileira se conscientize que o lobby dispensado ao médico é prejudicial à saúde e, conseqüentemente, os gestores públicos estabeleçam políticas que viabilizem o acesso de pessoas pobres nos cursos de medicinas e, também, criem novos cursos de formação de médico – universidades – nas periferias das grandes cidades, nos “locais de risco” e nas cidades interioranas. Enquanto isso não acontece, as recepcionistas dos hospitais cada vez mais vão perguntando e orientando: emergência? Favor procurar outro hospital!


domingo, 4 de abril de 2010

PARA OS NEGROS, O "BRASIL" VIRA AS COSTAS!




O texto, abaixo, é do cantor e compositor Tonho Matéria (conhecido também como a "VOZ DO OLODUM"), comentando o meu último artigo - "21 de Março: um dia para refletir, propor e comemorar!". Decidi publicá-lo no  meu Blog em reconhecimento e gratidão para com uma pessoa que usa a capoeira e a música  como formas de mostrar uma realidade que "tentam" ludibriar, o racismo velado e perverso  que predomina na sociedade brasileira! O título foi dado por mim. 

Meu caro e nobre Capitão Marinho lendo seu artigo me deparo à frente da TV onde só mostram jovens negros sendo exterminados, genocídios estereotipados pela força desses programas midiáticos que por muitas vezes provocam e causam ebulição sentimental contrarias nesses jovens.

Acredito também se o Estado criar programas educacionais direcionados para esses jovens, com certeza possa ter uma diminuição mais adelgaçada da violência. É necessário que o estado crie Políticas Públicas de verdade que possa ser tratadas diretamente com esses jovens, não adianta a gente só viver discutindo de que forma vamos fazer com que esses jovens se percebam inseridos na sociedade se a mesma sociedade não insere esses jovens no mercado de trabalho, se os bancos não confiam numa figura negra a ter o cargo de gerente, se os hospitais não têm, na sua maioria, médicos negros, se os grandes pesquisadores, antropólogos, filósofos, advogados, etc. que falam da história do povo negro não são negros, se os embaixadores do Brasil em diversos países em sua maioria não são negros. Como esses jovens podem se interessar em estudar se eles sabem em suas convicções que não terão espaço no campo de trabalho?
Então o que acontece de fato é realmente a busca do interesse em ser realmente oficial do tráfico. Porque muitos deles vêem a própria “policia” inserida nesse processo. E por muitas vezes policiais negros espancando homens de bem, pais de família e seus filhos assistindo a tudo. Então fica bem mais difícil dialogar com esses jovens.
Lembro das atuações que os blocos afro faziam nas comunidades aqui em Salvador. Dessas comunidades saiam carpinteiros, eletricistas, cantores, compositores, relações publicas, desenhistas, artistas plásticos, etc. então esse povo tinha motivo para não pensar em outra coisa a não ser em arte.
O próprio governo nunca deu importância a esse movimento, como até hoje não dá. Não adianta ajudar a entidade só no período do carnaval, isso não resulta em nada. É preciso dar incentivo durante o ano inteiro para que novos programas se estabeleçam nessas comunidades como ações afirmativas diretamente no coração do indivíduo. Ai sim, a sociedade viverá sem medo.
Para que o 21 de março fosse repensado pelos poderes públicos nos Estados Unidos e na África do Sul, foi preciso que os negros desses lugares em conjunto desse a voz e erguessem a cabeça e saíssem às ruas clamando por igualdade. Não foi tão fácil a conquista mais quando se persiste se vence e os negros lá venceram, pelo menos passaram a ser respeitados. Aqui no Brasil nosso povo só se manifesta em comícios, ou contra o outro negro, é uma pena ver isso mais o dinheiro aqui fala mais alto e é por isso que muitos nem sabem da importância do dia 21 de março e nem do 13 de maio. Muitos comemoram essas datas, fazem festas regadas a bolo e guaraná.  Muitos nem sabem de fato da importância de ser negro, de ser um Zumbi, Steve Biko, Malcolm X, Samora Machel que deram suas vidas clamando por todos, numa luta coletiva. Muitos não sabem que Nelson Mandela ainda é um ser Nobel da Paz vivo e que habita em Maputo em Moçambique. Muitos não estão ai pra nada porque se conformam com pouco. Vivem a mesma vida de antes.
Na verdade o que o povo não sabe mesmo é que ele é bombardeado de noticias que só são referenciadas a ele mesmo e por isso fica a espera de um novo programa que lhes coloque na mira. E assim o povo vive seus dias de angustias sentimentalmente desorientadas pelo genocídio brutal do dia a dia.
O Brasil é um país de retardo mesmo, quando vejo nos Estados Unidos Colin Powell e o ator Will Smith sendo as personalidades negras mais bem pagas, aqui no Brasil, e principalmente em Salvador, os artistas negros se não buscarem incentivos dos poderes públicos para os seus projetos morrerão de fome porque esses artistas não têm espaços nas grandes mídias. O que a mídia executa do povo negro é a parte ruim, são musicas com letras que incentivam a figura negra e principalmente as mulheres negras a ser desclassificas. Nesses embalos, a indústria e grifes de roupa criam modelitos que dês - configuram ainda mais a ajudar a "denegrir" a imagem dessas pobres meninas negras.
Agora mesmo foram criadas algumas pulseirinhas (PULSERA DO SEXO) com cores variadas onde a menina ou menino negro usam e cada pulseirinha com um código secreto que só esses jovens sabem descrevê-lo. Final da história, meninas e meninos sendo estuprados por vizinhos, amigos de sala de aula, etc. e cadê o governo que não tem um órgão fiscalizador para combater esse crime? Há, se esses jovens forem filhos das mães que estão dançado o "pacotão", o "todo enfiado", etc. Aí fica pior!
Desse modo, o governo nunca irá criar um programa de combate ao racismo, um programa de enfrentamento em que a discriminação racial seja de uma vez por todas banida.
Hoje estamos a caminho da copa do mundo, e todo olhar estará voltado a este evento, e novos confrontos irão acontecer nas comunidades e a grande mídia não irá noticiar. O caso da menina Isabela foi aclamado por toda mídia mais ele era uma menina de classe media alta, diferente de Joana do bairro da paz que alem de grávida do seu namorado de 16 anos ainda apanha dele e do padrasto, além de ser abusada sexualmente por ele (o padastro). A mídia não sabe disso e se sabe não faz questão de noticiar e nem de criar em conjunto com o governo (Ministério da Comunicação) uma campanha que convoque essas jovens para um dialogo.
Queria e gostaria que João Havelange olhasse também esse lado. Sei que o futebol é o maior show business, mais como entender que a copa sediada na África do Sul possa servir de incentivo e apoio para que a discriminação racial acabe entre as nações se o fator principal e perceber que metade do povo negro não tem TV em casa e não sabem dessa relevância? É gritante as formas de abordagem para o povo negro e por isso acreditamos na unificação e integração que o futebol promove, então vamos a mais um título mundial e com fé em deus que os jovens negros sejam os mais beneficiados por esse título que é de fato se sentir brasileiro e vencedor.
Como diz o mestre Boa Gente “depois de Cristo só a capoeira salva” e por isso temos espalhados pelo mundo em mais de 150 países milhares de capoeiristas acreditando e fazendo por eles próprios o que seria papel do Estado, Reparação. Divulgando o Brasil em todo mundo simplesmente com a maior arte brasileira que é a CAPOEIRA e nem assim o governo entende que é preciso criar políticas públicas que facilite a esses profissionais a se manter e proteger o Brasil culturalmente. Isso sem fala da abordagem turística e sócio educativa da capoeira em todas as áreas. Na medicina a capoeira atua em vários âmbitos e mesmo assim não se consegue perceber a importância da capoeira e isso porque as grandes mídias não percebem que Besouro de Mangangá foi um rei na capoeira assim como Pelé no futebol.
Tonho Matéria