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terça-feira, 1 de novembro de 2011

PRISÃO MILITAR: O POVO PAGA PARA NÃO TER SEGURANÇA!


A Constituição da República Federativa do Brasil (que muitas pessoas NÃO respeitam) traz no seu Art 5º, IV, “que é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato. Esta é uma das vantagens de se viver em um país democrático, eu posso externar a minha opinião – mesmo sabendo que meu posicionamento é minoritário ou único – e ninguém pode proibir que ela circule.

Quanto mais eu estudo sobre segurança pública e sobre as polícias brasileiras, mais eu fico estarrecido com as conclusões que chego. Os policiais militares no Brasil são regidos por regulamentos disciplinares, como são vários funcionários públicos de diversos órgãos, entretanto nos regulamentos dos policiais militares estão previstas sanções que tiram a liberdade de locomoção de quem infringe a norma disciplinar, ou seja, o policial militar pode ser punido disciplinarmente com penas de detenção e prisão.

A polícia militar tem como destinação constitucional desenvolver o policiamento ostensivo e repressivo, ou seja, ela tem que se fazer presente nos locais públicos. Nas pesquisas de opinião sobre segurança pública, chega a ser unânime a afirmação dos entrevistados de que o número de policiais nas ruas tem que aumentar, pois não é suficiente para prover a segurança. A existência da polícia militar reflete diretamente nos efeitos da ordem social de forma preventiva e as ações dos policiais refletem de forma dissuasória e repressiva, complementando a função da polícia militar de manter a regulamentação da ordem social. Logo, quanto maior for o número de policiais na rua, maior serão os efeitos produzidos na ordem social: prevenção (a probabilidade de o policial passar no local no momento que está ocorrendo uma anormalidade); dissuasão (a presença policial faz com a pessoa desista de praticar condutas reprovadas pelo pacto social) e a repressão (a atuação precisa do policial para rechaçar o evento reprovável socialmente). Daí a importância de implementar e priorizar  políticas públicas que não retirem os policiais das ruas.

Voltando a tecer comentários sobre os regulamentos disciplinares das polícias militares, eles normatizam sanções que tiram os policiais das ruas sem necessidade, aumentando a insegurança. Os exemplos são dos mais variados. Houve um caso, em um estado do sudeste, de um soldado que quando chegou ao batalhão para assumir o serviço e pegar a viatura, para realizar o policiamento ostensivo, ter sido preso porque o major havia decidido que a prisão era necessária para disciplinar o soldado, pois ele se apresentou para assumir o serviço anterior com o coturno sem estar engraxado, oito dias de prisão! Outro exemplo, um coronel decidiu prender um sargento por não aceitar a justificativa dele de ter faltado uma reunião no quartel, e a fim de dar “celeridade” a sua decisão, mandou o major subcomandante na residência do sargento para que ele tomasse ciência da prisão e fosse recolhido. O major deu voz de prisão ao sargento na portaria do seu prédio, na frente dos seus dois filhos (6 e 8 anos), que começaram a chorar copiosamente quando souberam que o pai estava sendo preso!

Hierarquia e disciplina são indispensáveis para qualquer tipo de empresa, quer seja pública ou privada, entretanto as sanções de cerceamento de liberdade impostas aos policiais são um grave desrespeito aos direitos humanos. Imaginem a situação do policial que não pode ir à festa do dia dos pais na escola da sua filha porque chegou ao quartel com a barba mal feita? No país onde a politica criminal enaltece a liberdade de ir e vir dos cidadãos a ponto de converte a pena de prisão dos criminosos em restrição de direito ou prestação de serviço, cercear a liberdade de locomoção de um funcionário público e tirá-lo do seio familiar porque se esqueceu de limpar seu calçado é afrontar à dignidade humana. E o quê dizer das consequências psicológicas que sofrerá uma criança de oito anos que viu seu pai ser preso de forma humilhante e ainda ter que responder aos questionamentos dos seus colegas sobre o por quê seu pai faltou a festa feita para ele na escola? Se o criminoso tem a sua pena de prisão convertida para preservar e enaltecer a liberdade (direito de ir e vir), por que o policial não tem esse direito e ainda perde sua liberdade por motivos tão insignificantes?  É justo os criminosos serem tratados melhores do que os policiais que os prendem para garantir a ordem social e a nossa paz? DIREITOS HUMANOS PARA OS POLICIAIS, ELES FAZEM JUS POR SEREM HUMANOS! Outra consideração importante, se a pena disciplinar não for de prisão, o policial pode trabalhar normalmente para proporcionar segurança aos cidadãos e às cidadãs.

A prisão como sanção disciplinar para os policiais, além de aumentar a insegurança na sociedade e ser desumana para o policial e seus familiares, pesa no bolso do povo. O policial preso aumenta os custos da água, da luz e das refeições dos quartéis e ainda recebe seu salário mesmo sem ter prestado seu serviço ao contribuinte. Outro prejuízo, para os membros da sociedade, é o fato do policial ser preso de forma arbitrária pelo seu superior hierárquico que queria dar “uma lição” ou porque não gosta do “transgressor”. O policial, que foi perseguido e preso pelo seu superior hierárquico, recorre ao Poder Judiciário pedindo danos morais por ter sofrido abuso de autoridade quando da sua prisão e quem paga a indenização, às vezes milionárias, é o povo! Caso a sanção disciplinar de prisão fosse substituída por multas pecuniárias, baseadas nos percentuais salariais, não haveria indenizações por prisões ilegais. As indenizações existem porque a liberdade quando retirada torna-se impossível à devolução, não tem como voltar o tempo (não)vivido! Já se a sanção disciplinar fosse de multa pecuniária, a reparação seria feita com a devolução do dinheiro retirado do salário do policial e não com o dinheiro da população.

A prisão militar como punição para as transgressões disciplinares é uma grande estupidez, uma sandice! Ela afronta a dignidade do policial e dos seus familiares; diminui a segurança dos cidadãos porque retira os policias das ruas; aumenta as despesas dos quartéis, que são pagas pelos contribuintes; e ainda serve de instrumento para os superiores hierárquicos abusarem da autoridade ao prenderem seus subordinados ao bel prazer, pois sabem que as indenizações morais serão pagas com o dinheiro público. Por fim, prisão militar: o povo paga para não ter segurança!