Apesar de muitas pessoas negarem o racismo no Brasil, e dizerem que nós negros é que somos racistas, sinto-me na obrigação moral de postar no meu Blog está linda "pérola" esculpida pelo meu querido amigo, professor, poeta e apresentador de televisão, JORGE PORTUGAL (secretaria@jorgeportugal.com.br). O texto, que se inicia no próximo parágrafo, merece ser lido e relido por todas as brasileiras e brasileiros.
O Estado da Bahia é um histórico gigolô dos negros. O Estado inteiro e, principalmente, sua capital sempre se venderam ao resto do País e ao exterior pela pujança cultural de sua matriz africana. Alguém pode argumentar que na região do semiárido não é tanto assim, que no sertão há uma esmaecida presença do negro e que tudo isso é Bahia também. Mas eu respondo, lembrando que ainda não é pelos belos repentes sertanejos que o mundo se curva à musicalidade brasileira e sim pelo samba e suas variáveis, pelas canções de Caymmi e pelo canto de João. Durante 350 anos, a preguiça do explorador eurodescendente foi garantida pelos braços escravos dos negros na lavoura, na cozinha e nas construções. O azulejo era português, o desenho arquitetônico, às vezes também, mas o suor era negro, o trabalho braçal tinha cor.
Na culinária, não é a rapadura e a carnede-sol (deliciosas!) que seduzem paladares extra-Bahia. É o acarajé, o caruru, o vatapá, enfim, as comidas de orixás, carregadas de cultura no seu tempero e tecnologia negra no seu preparo. Na expressão corporal, a capoeira, espalhada pelo mundo, faz mais pela difusão da língua portuguesa do que todas as embaixadas brasileiras reunidas no planeta. Na literatura, sobretudo a literatura de Jorge e João Ubaldo, são figuras como Gabriela, Pedro Arcanjo, Nego Leléu, Tieta, Maria da Fé, que incendeiam o imaginário dos leitores do mundo e fixam a poesia e a luta de tantos iguais, de carne e osso, que aqui vivem numa sanha sem trégua para conquistar dignidade e respeito.
Enfim, estamos em um Estado (e uma cidade) que deve tudo o que move sua história, economia e cultura ao povo negro e suas invenções geniais. Não importa que a pele da cantora seja mais clara e o seu trio elétrico high-tec. A música que anima o Carnaval e que garante o seu estrondoso sucesso foi composta por um negro. Que continua anônimo, por sinal. Então, cara-pálida, quem é você para querer desancar Márcio Vítor em sua própria casa e Carnaval? Respeite-o e respeite a história desse povo que trabalha sem férias há 500 anos para que você e assemelhados possam “brincar de ser brancos” na Bahia.
Cap Marinho,
ResponderExcluirO Sr sim contribui para a melhoria da cultura do negro, e seus artigos etc. Contudo esse tal de Marcio Vitor que compõe musicas com refrão tipo "toma negona, toma chupeta. Toma negona na boca e na buchecha(pra não dizer buc...)" essas musicas de duplo sentido e que denigrem a figura da mulher. Agora se passa de santinho reclamando de ser chamado de preto, negro, e ou pobre. Sei que uma coisa não justifica a outra, mas convenhamos esses tipos de noticias não deveria estar em pauta nos seus artigos, meu caro Capitão. Por favor não se preocupe em perder tempo com esse tipo de noticias.
Obs. Sou negro, preto, mulato e não me importo como me chamam, sei que preciso estudar, estudar e estudar pra vencer. Não importa minha cor da pele. Importa que tenho minha consciência que sou igual a todos, não me importo com que os outros pensam.
André Barros
Prezado Anonimo,
ResponderExcluirÉ exatamente o que os outros pensam que produz os resultados nefatos do racismo. É por conta do que os outros pensam, que temos índices de desemprego bem maior entre os negro em relação aos brancos e, quando empregados, nas funções de menor remuneração e, mesmo nas mesmas funções ainda ganham menos...é por causa do que os outros pensam e, sempre pensaram que o acesso às Universidade era só pra eles, que os índice de presença do negro nestas e na educação de uma forma geral, sempre foi bem inferior aos índices de presença dos brancos...
Então caro Anonimo, estudar e estdudar sim. E, estudar mais e mais, não simplesmente para enterrar o umbigo em um emprego de (falsa) classe média e fingir que não temos nada com isso, mas principalmente, para darmos nossa contribuição qualificada para o desmonte do racismo, que é resultado do que os outros pensam.
Isac Afonso dos Santos Filho
isac_afonso@yahoo.com.br