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terça-feira, 25 de agosto de 2009

COMENTÁRIOS DO CANTOR TONHO MATÉRIA SOBRE RACISMO


Meu amigo Capitão Marinho, ainda é vivo toda tenebrosa negação do negro na nossa sociedade racista, fria, calculista. E por isso, a Editora do Exército (BIBLIEX) reedita um livro intitulado “Não Somos Racista”, simplesmente é a reafirmação do tão conhecido por nós "Racismo Institucional". Começando por um órgão que sempre destruiu a nossa população negra em toda parte do universo aonde ela atua.Citado alguns exemplos por V.S. percebemos que a nossa sociedade ainda não se acostumou com esse real fato, tanto, que nos nega o tempo todo, seja em que área for.
Eu por exemplo, estou com meu carnaval de 2008 ainda sem ser pago pela Saltur/prefeitura, os ensaios que fiz no Pelourinho ainda não foram pagos pelo Pelourinho Cultural / DIRAC / Secretaria da Cultura, os Blocos de carnaval não me convidam para puxá-los, as rádios, principalmente, às da nossa cidade não toca a minha música e se isso acontecer tenho que gastar o que não tenho, ou seja, não existiremos para uma determinada classe ou sociedade. As empresas não patrocinam os nossos projetos a não ser se tenhamos de desenvolvê-los sobre comando e obediência. O governo quando cria EDITAIS não facilita para as camadas mais vulneráveis terem acesso às políticas social, cultural, economia, etc. Por isto, isso é, completamente, uma forma de negação e desarticulação onde o povo negro nunca terá condições de ter acesso a educação, já que todos eles falam abertamente em canais mediáticos que estão cuidando da educação do nosso país.
Como disse os nossos heróis da Revolta dos Búzios: “Há de chegar um tempo em que todos seremos iguais”. Acredito que esse tempo já chegou mais ainda de forma desigual, ainda não-configurada pela lente do poder.
Vi há pouco instante aqui na net que a apresentadora Xuxa escolheu um príncipe para fazer um par romântico com a sua filha, e conscientemente ela anuncia que todo homem branco dever manter vivo a realeza em que os jovens negros ainda de forma subliminar possam inconscientemente adotar esse modelo arcaico e imperialista de que não se tem príncipe nem anjo negros.
A nossa sociedade é uma sociedade capitalista, desonesta, nefasta e cheia de paradigmas voltados para seus próprios umbigos com uma visão e razão em que seremos sempre serviçais.
Venho ao longo do tempo estudando o comportamento e posicionamento de alguns dos nossos artistas negros em Salvador e claramente percebo que muitos deles quando estão fazendo parte de bandas famosas, eles são visto por alguns empresários como astros, pop star, figuras antropocêntricas e se iludem com o tão chamado “golpe” em que a banda só funciona por causa dele. Ligeiramente este artista resolve sair da banda e quer fazer carreira solo e é ai que se encontram no mundo do surrealismo. Caindo por muitas vezes no ostracismo.
Isso também acontece por uma questão de tratamento dado em determinados grupos de artistas e bandas negras que não preparam seus futuros heróis, símbolos, referencias para o campo deste Deus chamado de Mercado.
Nossas entidades negras, deixam a desejar e é por isso que figuras como meu compadre Guigiu, Lazinho, Tido, Jamoliva, Nem Tatuagem, Betão, Buziga, Rubi Confete, Germano, Isaac e tantos outros não são conhecidos e nem reconhecidos pela sociedade em geral. Há não ser pelo próprio ambiente em que circulam. Muitos ainda continuam andando de Ônibus pela cidade porque não conseguem ser bem remunerados por essas entidades. E de fato, perdem a credibilidade e a potencialidade de serem tratados como astros. Quando um jornal ou canal de TV desenvolvem um documentário ou uma entrevista com essas entidades, o cantor nunca se pronuncia, sempre faz a figura representativa muda, essas figuras deixam de fazer parte da gestalt em sua boa forma e os papeis são sempre e comumente investidos.
Vi com meus próprios olhos dirigentes dessas entidades terem seguranças particulares dentro das suas próprias quadras de ensaio enquanto os músicos saiam de madrugada sem nenhuma segurança e apoio moral. Então meu amigo, acredito que nunca iremos consertar e nem nos desfazer deste dilema racial, as nossas casas são invadidas pelos nossos meninos negros todos os dias e a mídia empurra a todo instante, canções “isso é se podemos chamar assim” em nossos guetos, comunidades, favelas que contribuem para a desinformação social e o maior “barato” disso tudo é que o tráfico de todo tipo, cada dia cresce em nossas aldeias. E isto já virou um câncer interminável. Porque a corrupção não faz mais parte da política, está inserida em todos os meios em que as relações sociais são inerentes as suas atribuições.
Sempre em minhas palestras eu pergunto aos jovens para falarem o nome de dez artistas negros na Bahia que são “sucessos”, aquilo que eles entendem como o “intocável” e ligeiramente eles não conseguem passar de dois ou três nomes. Isto é uma falha da nossa comunicação negra que também nos escondem em lençóis pretos pendurados na margem da escuridão.
Mais como disse Carlos Moore “A insensibilidade é um produto do poder” espero que o Exércitos e os nossos dirigentes negros em nosso Estado, possam criar novos modelos anti-racial a tornar mais ávido a nossa sociedade em relação as causas negras do nosso país ou cidade.
Em 2005 a UNESCO publico em seu site o artigo Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal 10.639/03. Que diz em seu resumo o seguinte:
“Um dos principais objetivos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Ministério da Educação, é oferecer aos profissionais de educação informações e conhecimentos estratégicos para a compreensão e o combate do preconceito e da discriminação raciais nas relações pedagógicas e educacionais das escolas brasileiras. Ao longo de 2004, foram realizados vários Fóruns Estaduais de Educação e Diversidade Étnico-Racial, no intuito de discutir a implementação da lei 10.639, sancionada em 9 de janeiro de 2003. Essa lei torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileiras, valorizando a participação do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Essa publicação irá ajudar a consolidar o caminho para a construção de uma luta anti-racista sólida no interior do país e na sociedade brasileira.

Quem irá escrever de fato a nossa história e como teremos acesso a essas informações já que é o próprio sistema quem irá editá-las?
Abraços,
Tonho Matéria.

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