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terça-feira, 25 de agosto de 2009

PORQUE SOU A FAVOR DAS COTAS RACIAIS


Nos últimos anos, venho tendo a oportunidade de dialogar com brasileiros de todas as regiões e classes econômicas sobre a questão das cotas raciais. Independente da região ou o local que a pessoa ocupa no segmento sócio-econômico brasileiro, as que são contrárias às cotas raciais têm as mesmas indagações: “por que as cotas não são para os pobres? Ou, as cotas não são anticonstitucionais, pois discrimina os que não são afrodescendentes? Ou, as cotas não são racismo às avessas?”. Entendo estes questionamentos como algo natural, entretanto debater em cima destes questionamentos não seria uma discussão muito superficial sobre algo que é muito complexo?


Quando os contrários ao sistema de cotas raciais afirmam que o justo seria ter cotas para pobres para deslegitimar as cotas raciais, declinam de alguns pontos históricos imprescindíveis para compreender uma questão complexa. Os afrodescendentes – termo que não tem unanimidade entre os defensores das cotas – são descendentes de escravos que vieram para o Brasil da forma mais cruel e desumana que possa existir. Eles eram separados de suas famílias de forma bárbara e nunca mais tinham notícias dos seus familiares. Atualmente, alguns telejornais têm o quadro “desaparecidos”, onde pessoas desesperadas buscam, incessantemente, por algum familiar que desapareceu. Quem não se comove com aquelas pessoas que procuram seu pai, sua mãe, sua irmã ou seu filho? Pois bem, os africanos eram presos e tinham sua família dizimada sem nem ter o direito de sonhar um dia poder encontrar com aquele filho que foi tido em parto complicado ou com aquela mãe que perdeu várias noites cuidando da saúde de sua prole.


No continente africano, quando os futuros escravos eram capturados, os feitores faziam questão de mandar cada membro da família para um lugar ou país diferente, a fim de evitar que tivessem apoio para aumentar a resistência à escravidão. Note-se que eu falo do continente africano, pois os brasileiros afrodescendentes, diferentemente dos brasileiros descendentes de outros continentes, não sabem nem qual o país que pertenceram seus ascendentes. No Brasil há descendentes de alemãs, italianos, portugueses, espanhóis, japoneses, chineses e outros mais, entretanto não se têm descendentes de um determinado país africano, pois todos os capturados eram jogados nos diversos navios negreiros e estes passavam em vários países africanos e tinham como destino diversos países da América Latina. Sendo assim, os brasileiros afrodescendentes desconhecem os países de origem de seus ascendentes e, principalmente, independente de qualquer sentimento, são brasileiros em conseqüência de uma história abominável de extermínios, segregação e escravidão, a qual seus ascendentes foram submetidos de forma obrigatória, diferentemente dos ascendentes de outros locais, que vieram de forma espontânea e muitos receberam terras quando aqui chegaram. Este é o primeiro ponto que as pessoas, que defendem cotas para pobres, em detrimento das cotas raciais, esquecem.


Poderia escrever inúmeros feitos dos negros para o enriquecimento do Brasil, como no cultivo da cana-de-açúcar, algodão, café e em outras atividades, entretanto o segundo ponto que vou destacar, que é ignorado ou ocultado pelas pessoas que são contrárias as cotas, é a participação do negro na defesa, na conquista e na consolidação do solo pátrio-brasileiro.


No ano de 1648, aconteceu à primeira Batalha dos Guararapes, que é considerada a batalha gênese do Exército brasileiro, que foi a batalha que expulsou os holandeses de Pernambuco. Dentre os líderes da batalha de Guararapes, destacou-se Henrique Dias. Ele era negro e recebeu a patente de governador dos crioulos, negros e mulatos do Brasil. Travou combates com os holandeses em Pernambuco, Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte, não perdendo sequer uma batalha.

Henrique Dias estabeleceu-se numa estância no contorno do Recife e da cidade Maurícia que era a mais próxima dos inimigos. Ficava tão perto dos holandeses que, às vezes, o duelo não era com munição e sim com palavras de desafio e injúria. Da sua estância, ele realizou várias investidas importantes contra os batavos. O local foi atacado diversas vezes pelos flamengos, porém eram sempre rechaçados.


Com a rendição do Recife, em 1654, Henrique Dias, ao contrário de outros militares que combateram os holandeses, não recebeu as recompensas que lhe eram devidas, tendo que viajar a Portugal, em março de 1656, para requerer a remuneração atrasada dos seus serviços. Passou seus últimos anos em Pernambuco, morrendo em extrema pobreza no dia 8 de junho de 1662, no Recife, sendo enterrado por conta do Governo em local desconhecido. Se o governador dos crioulos, negros e mulatos teve este fim, como deve ter sido o fim dos demais negros que lutaram, neste período, em prol da defesa do Brasil?


Rafael Pinto Bandeira é tido como um dos maiores nomes na consolidação das fronteiras da região sul do Brasil, pois ele foi o comandante das tropas que expulsaram os espanhóis da região sul do Brasil. Rafael Pinto Bandeira era tido como um comandante muito generoso com seus comandados, pois ele tinha o hábito de doar parte das terras conquistadas em batalhas para os seus seguidores, entretanto nada foi dado aos negros e estes foram os maiores responsáveis pelas vitórias conquistadas por Rafael Pinto Bandeira, conforme pode-se depurar do depoimento de um sargento espanhol que lutou à época: eles destemiam a morte e eram invencíveis nas batalhas. Os negros, que aqui bem pertinho da onde estou neste momento, Bagé-RS, no Forte de Santa Tecla, foram imprescindíveis na expulsão dos espanhóis do território brasileiro de Santa Catarina até o extremo Sul do Brasil. Ah... isso não se acha nos livros de História do Brasil, pois mais uma vez o negro não teve seus valores reconhecidos e os benefícios da sua labuta ficaram para os brancos.


Revolução Farroupilha foi uma revolução que teve negros lutando pelos dois lados e o “inacreditável” aconteceu, foram eles os únicos perdedores, mesmo estando em lados opostos. A Revolução Farroupilha objetivava a criação da “República do Rio Grande”. Um dos líderes das tropas revolucionárias era o general Netto, que conseguiu, através da promessa da criação da república, onde todos os homens seriam iguais em direitos e não haveria mais escravidão, ter vários negros libertos e escravos fugidos compondo seu exército motivado pelo sonho da liberdade. Do lado imperial, que tinha como escopo acabar com a revolução, destacava-se a figura de Caxias como o grande comandante das tropas legalmente constituídas. O seu exército também tinha escravo lutando motivado pelo mesmo objetivo, o da liberdade após a batalha. Terminada a batalha, os revolucionários não-negros ganharam terras e alguns benefícios; já os negros, os que não morreram em combate, ficaram moribundos ou foram perseguidos pelas forças imperiais, pagando caro pela frustração do sonho de liberdade. Já os negros do lado imperial, os que sobreviveram ao combate, foram incorporados, obrigatoriamente, as fileiras do exército, pois foi a única saída vislumbrada por Caxias para que eles não voltassem à condição de escravos. Ao término da batalha, Caxias recebeu a ordem para mandar os negros para a fazenda imperial em Petrópolis e vislumbrando que eles voltariam à condição de escravo, Caxias reengaja-os nas fileiras da Força. Conforme pode-se depurar, a Revolução de Farroupilha não teve tropas derrotadas e sim etnia, pois mais uma vez os negros foram as únicas vítimas de um sistema brasileiro perverso e discriminante.


Quanto a Guerra do Paraguai, deixo aqui registradas as minhas escusas a todos os negros que tombaram ou sobreviveram na Guerra do Paraguai, onde foram tratados como verdadeiras “buchas de canhão”, por não tecer comentários mais detalhados sobre eles. Negar o racismo no Brasil é apagar da história brasileira a resistência imposta por João Cândido (“Almirante Negro”) que só no ano passado (quase cem anos depois da Revolta da Chibata) foi homenageado com um monumento na Praça XV na cidade do Rio de Janeiro (aproveito a oportunidade para parabenizar todos os cariocas por esta mais do que justa homenagem); é ignorar que na primeira metade do século XX, existia lei que proibia o ingresso de negros na escola de oficiais do Exército; é fingir que nunca existiu na história brasileira a “política do embranquecimento”; é chamar de farsa a história de vida, do mais recente cidadão baiano, Abdias Nascimento que com seus 95 (noventa e cinco) anos é uma lenda viva da resistência contra o racismo da nossa sociedade; é questionar as inqüestionáveis pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que mostram as disparidades dos salários entre brancos e negros que ocupam o mesmo cargo; negar o racismo no Brasil é negar a existência de mais da metade da população brasileira que são descendentes de africanos, que vieram para o Brasil como propriedade dos brancos e viveram o horror de serem escravizados, humilhados, degredados, açoitados e muito mais coisas que causam ojeriza a qualquer cidadão sensato; negar o racismo no Brasil é manter os entraves que impedem o nosso desenvolvimento com Nação. Logo, para ajudar a acabar com o racismo: RECONHEÇAMOS O RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA.


Uma vez reconhecido o racismo, não podemos deixar de discuti como amenizar as atrocidades seculares cometidas contra a população negra, como acabar com este “fosso” histórico que separa negros e brancos, daí surge a questão das cotas raciais, não só para dar sonho a quem nunca sonhou em ser um “DOUTOR”, mas também para da oportunidade a sociedade de terminar com o insulto social de achar que os negros jovens que andam com roupas caras, cordões de ouro, carros importados, não são doutores e sim marginais. Ah... por favor, não venham me dizer que o meu país é miscigenado – não existem brancos e negros e sim brasileiros – e que é eu que estou sendo preconceituoso e racista PORQUE SOU A FAVOR DAS COTAS RACIAIS!!!!!

28 comentários:

  1. Excelente canal de comunicação. Agora poderemos nos banhar com as águas de seus conhecimentos. Eu, assim como você sou a favor das cotas, mas é preciso que isso seja realizado de maneira criteriosa para promover a igualdade, o resgate da dignidade humana do povo negro e a ascensão social. Apenas considero que é extremamente necessário definir os crítérios para que isso aconteça com o mínimo de distorções possíveis. Igualdade sim e já!
    Carlos Moura
    Salvador / Bahia

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  2. Meu querido amigo baiano,
    Adorei a idéia do Blog. Está ótimo, vc que fez a programação visual?parabéns!
    Com toda a minha resistência ao que o Jorge da Silva escreve, até o artigo dele está muito bom. O seu artigo também está excelente. Com certeza é mais um espaço democrático para o debate, não só sobre segurança, mais de vários temas emergentes neste país.

    beijos e boa sorte com mais esta empreitada!

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  3. Prezado Capitão Marinho,
    Estou certo de que esta é uma das melhores vias de acesso à tão rica informação, com dados de oficialidade histórica que afugenta qualquer dúvida quanto a veracidade dos fatos ocorridos. Devemos todos nos orgulhar, principalmente pela coragem e o profundo conhecimento e consciência que um negro graduado e de uma alta patente do nosso Glorioso Exército tem de abordar as questões da arraigada discriminação étnica no Brasil. A exemplo dos judeus brancos, que relembram constantemente o holocausto, nós negros da imensa diáspora africana temos o direito , o dever e obrigação de reavivarmos o passado mais cruel de todos, que a humanidade já viveu, que foi a escravidão dos negros - muito pior do que o sofrido pelos judeus, tendo o seu período mais longo e perverso neste Brasil. Ainda sofremos, pequisas recentes da UERJ tem como resultado que, o homicídio de jovens negros na faixa etária de 10 a 21 anos é cem porcento (100%) maior do que o de brancos no Brasil, não obstante, relatos do genocídio de crianças negras é denunciado constantemente na Bahia. Os negros e negras de hoje nos quatro cantos deste país tem o dever de agir, por meio do conhecimento, da denúncia, dos votos e da conquista do poder. Porque enquanto não estivermos representados (as) nas Câmaras Municipais, na Assembléias Legislativas, na Cãmara Federal e no Senado, proporcionalmente ao 51% de negros e negras da população do Brasil, segundo o IBGE,conforme a idéia da proporcionalidade na diversidade, a abolição da escravatura ainda estará imcompleta e pela metade. Mas temos que entender que o maior, mais perverso e resitente racista é o próprio Estado Brasleiro, através dos seus poderes constituídos e em especial o Poder Judiciário. Cabe a nós negros e negras também fazermos uma reflexão quanto a nossa postura racista e discriminatória com a nossa própria gente. Somos racistas para com os nossos irmãos e irmãs, filhos e filhas todos os dias. Sou a favor das cotas sim( para tudo inclusive na mídia), porque sem a lei que os obriquem não teremos nada. Não temos que ter vergonha disso ou daquilo. Porque os brancos roubam , traficam , prostituem as nossa garotas e garotos, multilam a nossa história ( tiveram terras e dinheiro do Estado brasileiro) e continuam fazendo a mesma coisa e não têm vergonha- são ricos e poderosos. Eu pergunto para academicistas, fisiologistas e a todos os "ISTAS": ONDE ESTÁ O MEU DINHEIRO???. Vamos à luta meu querido e prezado irmão, as nossas armas mais potentes são: a Fé em Deus; a Educação; a Dedicação e a Persistência, somos invencíveis.

    Gilson Trindade de Jesus

    Atleta Olímpico Nacional - 15 Anos Seleção Brasileira de Basketball; Graduado em Business and Languages ; Bacharel em Direito; Assessor para Assuntos Internacionais da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional - Câmara dos Deputados; Educador e Palestrante Internacional.
    São Paulo-SP / Salvador-Ba.

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  4. Olá, Mariozinho , tudo bem????

    Eu era a favor das cotas... por muitos anos defendi essa idéia! Mas hoje, com tantas controvérsias, ações, etc, resolvi voltar a defender o que deu origem a elas: A INDENIZAÇAO PELOS DANOS SOFRIDOS - A REPARAÇÃO.
    Defendo reparação sim, MAS EM DINHEIRO !!!
    Assim vamos acabar com as discussões de que as cotas discriminam às avessas, se somos inferiores ou não por fazermos uso delas.
    Com esse dinheiro, vamos poder pagar nossa faculdade, comprar nossos carros, nossas terras, montar nossos negócios, etc.. etc..
    É MUITO SIMPLES: OU DINHEIRO, OU COTAS !!!

    Parabéns por mais esse trabalho, querido Mário !!

    Veralindá Ménezes -
    Escritora - RS

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  5. Parabéns peo blog e pelo texto, brlhante argumentação...
    mas Caxias pra mim é um dos maiores criminosos da história mundial...
    Quanto as cotas raciais não se preocupem os hoje "paladinos" da defesa dos "pobres" e carentes, pois há mais de trinta anos que o projeto do movimento negro é a promoção da igualdade...
    e nossa proposta é incluir todos e todas...
    e o nosso pedaço do bolo que por muito tempo foi negado, uma vez que fomos nós que fizemos e fazemos a festa de aniversário!!!
    Abraão Macedo

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  6. Eu sou seu fã, muito mais pelo motivo de saber que tens idéias e argumentos respeitáveis do que pela amizade que soubestes angariar deste humilde aprendiz. Mas se valer de alguma coisa minha contribuição saiba que um Blog tem de ser tal qual as mensagens da caserna, simples e diretas.
    Quando o texto é extenso a maioria dos leitores divagam e não percebem o valor do mesmo, tente resumir em poucas porém contundentes palavras, atinja o objetivo sendo compacto. É um exercício a mais, porém de maior percepção para um público mais abrangente e de pertencente a todas camadas da sociedade.

    obs: É só a minha opnião, não é uma receita, tão pouco a verdade suprema, rsrsrs. Forte abraço do seu adjunto eterno.

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  7. Essa história não é contada nas escolas.Já dizia Edson Gomes...
    "Lá na escola não contaram nada
    Fizeram questão de esconder" na música Etiópia.
    Um abraço Marinho.

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  8. Mas uma vez serei bem claro contigo. Sou negro e sou contrário a cotas para negros,brancos ou estrangeiros. Negro ou qyalquer outra raça não precisa de bengala para vencer na vida. O caminho é trabalhar e estudar e deixar de conversa fiada para dormir. Quem luta consegue o seus objetivos seja onde e como for.
    Gileno - Salvador/BA

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  9. Olá cap. Marinho, sou à favor sim, sei que não irá sanar os problemas causados pela escravidão e outras mazelas que assolaram o país de miséria e desigualdades, mas como política de inclusão de uma classe que sabemos que também em sua maioria é de pobres é bastante válido.
    Sabemos também que erros serão cometidos e acabarão injustiçando alguns, porém alguma coisa teria que ser feita e já a algum tempo, pois como já vemos na prática com outros programas e projetos do governo federal e até mesmo a cota pra negros nas universidades, que as mudanças estão começando
    à aparecer. Juliano santos da silva, n°89,3° pel. nfsd pm 2009, BPChq.

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  10. Sou contra as cotas raciais, e sim as cotas sociais, uma vez que, cada homem é uma raça, os aspectos físicos usados para classificar as raças não representam nada.A discriminação reversa, não tem como decidir quem pode ou não pode ser beneficiado em um vestibular ou no mercado de trabalho, deveria sim ser avaliado "o negro e o branco POBRE".
    Mas contudo, acho viável a lei brasileira 10.639 de 2003, que salienta que os conteúdos referentes à História e cultura Afro-Brasileira devem fazer parte do currículo escolar, em todo o seu campo de ação, desde os inúmeros feitos dos negros para o enriquecimento do Brasil às inúmeras vitórias conquistadas em batalhas na história do Brasil.
    Encerro aqui meu comentário, porém concordando que a sociedade brasileira ainda é uma sociedade racista, mas tenho Fé de que um dia haverá igualdade entre todas as pessoas, independente de cor, classe social, religiosa ou de qualquer origem.
    Manoel Francisco de Freitas Filho
    Nº 95 - Turma C-NFSD 2009 PM-BA-BPCHQ

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  11. Cotas Sociais x Cotas Raciais

    Tomemos dois estudantes hipotéticos, A e B. A é branco e B, negro. Ambos igualmente pobres, moram, inclusive, no mesmo bairro da periferia da cidade e sempre estudaram na mesma escola pública, onde ambos estão concluindo o ensino médio. Ambos irão prestar o vestibular de uma concorrida universidade pública. Quem tem mais chances de aprovação? Supondo agora que ambos sejam igualmente ricos, estudaram na mesma escola particular, uma das mais caras da cidade. Nessa nova situação, qual deles tem mais chance de passar no vestibular?


    Se não temos como responder às questões acima, principalmente indicando que, em ambas as hipóteses, o estudante branco tenha mais chances de ser aprovado, temos de reconhecer que a questão racial de fato não é a questão fundamental no que se refere ao acesso à universidade.

    Agora vamos supor que tanto o estudante A quanto B conseguiram ingressar na universidade, onde ambos concluíram o mesmo curso. Eles vão participar de uma entrevista de emprego numa grande empresa privada, concorrendo a uma única vaga. Eles têm a mesma qualificação para o cargo em disputa. Desta vez, quem tem mais chance de ficar com emprego?


    Mesmo diante de todo aparato legal já existente no Brasil para coibir o racismo, na hipótese acima, não podemos duvidar de que o negro seja preterido, só pelo fato de ser negro.

    Ninguém pode negar que o negro seja vitima de injustiças sociais históricas e que há, sim, preconceito racial contra os negros no Brasil, ainda que muitos neguem tal fato. Esse preconceito, muitas vezes, se desenvolve no subconsciente das pessoas. Uma criança branca de classe média é diariamente bombardeada com mensagens que a fazem associar o negro com atividades subalternas. Na sua casa, a empregada é negra. No seu prédio, os porteiros e zeladores são negros. De dentro do confortável carro dos seus pais, ela vê meninos pedintes nas ruas e nos sinais de trânsito, todos negros. O porteiro da sua escola é negro, bem como o pessoal da limpeza. Em compensação ela já foi a vários médicos e todos são brancos. Sua dentista é branca, assim como todas as suas professoras. Na sua turma da escola não tem qualquer criança negra. E assim essa criança vai crescendo, sempre com essa imagem distorcida dos negros. Um dia essa criança se torna um juiz. Entram na sala de audiências o advogado, negro, e seu cliente, um homem branco, ambos usando paletó. O juiz não conhece qualquer dos dois, mas logo indica o banco dos réus para o negro, concluindo, apressada e preconceituosamente, ser o branco o advogado.

    As cotas raciais, então, se justificam, não porque ser negro torne mais difícil o acesso ao ensino superior, questão muito mais relacionada à condição sócio-econômica do aluno. Mas porque as cotas raciais tornariam possível a formação de uma elite intelectual e profissional negra, com o que, paulatinamente, essa homogeneidade branca nas funções de maior prestígio iria sendo dissolvida, ao tempo em que se conseguiria desvincular a imagem do negro às funções subalternas.

    Espero ter contribuído para o debate, ressaltando que não me considero dono da verdade, estando aberto à discussão e a difentes pontos de vista.

    Aluno SD/PM/BA Jenilson da Cruz Vieira.

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  12. Cotas Sociais x Cotas Raciais (Parte final)

    Entretanto, há uma grande dificuldade na implementação das cotas raciais: quem é negro no Brasil? Essa pergunta pode parecer uma pergunta tola, mas até hoje as universidade que adotam as cotas raciais não conseguiram responder. Ficou célebre o caso da Universidade de Brasília, que adotou o sistema de cotas para negros e exigia que os candidatos que optassem pelas cotas anexassem uma fotografia junto ao formulário de inscrição para que uma comissão decidisse, com base na análise da tal fotografia, se o candidato era mesmo negro ou não. Até que dois irmãos, gêmeos idênticos (univitelinos) se inscreveram. A comissão, absurdamente, considerou que um era negro; o outro, não. Depois desse caso, a UnB teve de abolir a avaliação com base nas fotografias.

    Sem saber como identificar quem é negro e quem não é, as universidades acabaram deixando a resposta aos próprios candidatos, ou seja, adotaram como solução a autodeclaração. E para tornar tudo ainda mais complicado, incluíram nas cotas a etnia parda. Ora, se já é difícil no Brasil, dada a grande miscigenação, definir quem é negro, imagine-se agora saber quem é pardo. Quem não será pardo, se não for negro retinto ou loiro de olhos azuis?

    Assim, as cotas raciais hoje têm mais uma conotação política que propriamente prática, pois do modo como foram adotadas pelas universidades – autodeclaração e inclusão da etnia parda – têm pouca ou nenhuma influência no vestibular e acabam, dessa forma, não trazendo benefícios para os negros, a quem o sistema de cotas pretendia beneficiar quando foi idealizado.

    Espero ter contribuído para o debate, ressaltando que não me considero dono da verdade, estando aberto à discussão e a difentes pontos de vista.

    Aluno SD/PM/BA Jenilson da Cruz Vieira

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  13. Ascensão sem cota-A universalização do ensino e o crescimento da economia reduziram a desigualdade entre negros e brancos,no Brasil a pobreza é predominantemente negra.Comentário de Iris Barbosa negra, paulistana pobre na juventude e estudou em escolas públicas,hoje diretora e uma multinacional:"Meu problema nunca foi ser negra.Foi ser pobre."
    Manoel Francisco de Freitas Filho
    Nº 95 - Turma C-NFSD 2009 PM-BA-BPCHQ

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  14. Sou contra as cotas racias. Na tentativa de se retratar com o povo negro brasileiro,o governo tem a iniciativa de assegurar cotas para os afrodescendentes nas universidades. Acredito porém,que tal atitude é bastante negativa,pois nos dá a idéia de que o negro é inferior intelectualmente e ainda cria uma espécie de preconceito às avessas em respeito as pessoas de pele clara "os brancos".
    Precisamos na verdade de políticas para melhorar a educação escolar pública, frequentada em massa por pessoas de baixa renda econômica,aí sim, está o grande problema. Sou a favor de idéias inovadoras tipo; universidade pública para quem fez 2ºgrau em colégio público,ou então um novo sistema de avaliação para adentrar na universidade onde o aluno ingressa automaticamente quando conclui o 2ºgrau sem necessidade de fazer vestibular a exemplo de alguns países.
    Luis Mário Soares da Silva Nº93 TURMA-C BPCHQ

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  15. No Brasil nota-se claramente que a maioria dos estudantes das universidades públicas, independente de raça,são antes de mais nada,aqueles que tiveram uma boa base escolar, ou seja,puderam pagar por uma boa educação. Este é o tipo de assunto muito delicado, que em minha opinião deveria ser bastante analisado antes de ser posto em prática.
    Luis Mário Soares da Silva nº93 TURMA-C BPCHQ

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  16. PORQUE SOU A FAVOR DAS COTAS RACIAIS

    No Brasil, as cotas raciais foram criadas para tentar amenizar os erros do passado, como a escrvidão não somente dos negros como tambem as dos índios, que sofreram varias atrocidades durante a colonização da terra descoberta, e que quase chegaram a serem estintos.
    Sou a favor das cotas, mas tambem sou a favor de que elas atinjam a classes menos fovorecidas finaceiramente da sociedade, e para que essas desigualdades sejam diminuidas, e preciso que o governo combata a corrupição com penas mais duras e severas, e aplique melhor os recursos finaceiros proviniente dos impostos que vem das contribuições na maioria da classe de baixa renda em politicas públicas como segurança, saúde, habitação e principalmente na educação que hoje está muito a quem do que é nacessário para se ter uma educação de quelidade, onde alunos da quinta série não sabem ler, e com isso os professores mal remunerados e preparados, fingem que ensinam e alunos fingem que apredem, e isso acaba refletindo futuramente na vida educacional desses jovens que não teram condições de competir em igualdade com os demais que tiveram uma educação de melhor quelidade.

    AL SD BONIFÁCIO Nº90 3ºPEL

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  17. Capitão Marinho ,
    Gostei muito do que você escreveu sobre as cotas raciais .
    Sou estudante do 8º ano e estou fazendo um trabalho sobre este assunto , e você me ajudou bastante .
    Obrigada pela ajuda.

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  18. Ja ha em alguns setores da sociedade cotas direcionadas para afrodescendentes e pobres, ou pelo menos pessoas que nao tiveram condicoes de pagar por uma escola particular. Temos a UFBA como exemplo, pois ainda que seja o estudante afrodescendentes, caso ele nao tenha estudado 4 anos em escola publica ele nao tera o direito de participar das cotas nessa instituicao...

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  19. O texto ficou muito bom! Eu era contra as cotas, mas depois de algumas aulas de redação onde o professor demonstrou algumas coisas para nós, me converti. Estou no 2o ano, e ano que vem enfrentarei o temido vestibular. As cotas raciais vão ser tema para minha próxima prova de redação, e os argumentos que você apresentou aqui irão me ajudar muito amanhã, obrigada!

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  20. Acredito e tenho a certeza que o problema não é de cotas e sim de um ensino de qualidade tanto do fundamental como no médio. O governo mascara a deficiência do ensino público através das cotas. Quem não se lembra que escola particular era p.p.(pagou passou) e a pública a referência para ingressar nas faculdades públicas!Fica muito mais barato oferecer cotas a negros, pobres,índios do que melhorar o ensino na rede pública.Mudar o foco e não atacar o problema não resolver a educação no Brasil. Salvem o Brasil!

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  21. sou favorável as cotas como medida paliativa necessitamos de um ensino básico de qualidade.

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  22. Segundo a constituição, somos todos iguais. Se o governo oferece cotas aos negros tentando resgatar a dignidade que lhes foi tirada durante a época da escravidão, esta redondamente equivocado. Que achem outra forma de fazer isso que não seja ferindo a constituição. Ou então que mudem-na. " Todos são iguais perante a lei, exceto os negros descendente de escravos cujo tatatatataravo foi forcado a trabalhar e por isso hoje ele tem melhores oportunidades para entrar numa universidade que um branco". E depois pedem pelo fim do racismo quando o próprio governo incentiva o ato com essas malditas cotas. NAO SOMOS TODOS IGUAIS PERANTE A LEI ENQUANTO ALGUNS FOREM FAVORECIDOS.

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    Respostas
    1. Realmente a constitição diz: que somos todos igual perante a lei... fica um porém a lei realmante é cumprida ? Se fosse não precisariamos de cotas para negros,de um lei específica para mulheres,crianças e etc. O Brasil realmente é justos com o nosso povo? Vamos ter que esperar mas quanto tempo para que nossa educação realmente saia do estado "inérci" ou pelo menos começar uns 30 ou 100 anos... Temos que ser realistas .

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  23. "Todos são iguais perante a lei"...é tão cômodo acreditar nisso...mas a realidade é outra, bem outra.

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  24. Concordo com tudo que vc publicou sobre historia antiga do Brasil e que não é dada na escola.No ponto de vista de que negros lutaram ganharam guerra até ai tudo bem obrigada por reativar esse lado historico e heroico de muitos dos negros citados.Com todo esse vosso depoimento pra reativar nossas memorias sou contra as cotas,não é pque passamos por tudo isso no seculo passado que vamos ter que manter em pleno seculoXXI os mesmo gestos de aceitação Lutamos por mudanças e não cota que venha ser essa mudança, Sendo o Brasil Democratico onde sou obrigada a votar , onde são cobrado alto indices de impostos que so beneficia aos nobres aos que ja tem, e os pobres tendo um poder executivo bem mais baixo sem assistencia médica devida, ainda tem que ter cota para ser doutor? isso so se vê aqui .Morei mas de 15 anos no exterior, não vi isso la nem nos mas pobre dos Paises como Portugal e Espanha uns dos ultimos a entrar no ciclo europeu.Pque o Brasil com potencia imensa tem que ter cota? desculpe mas a cor do dinheiro do branco é a mesma cor do dinheiro do negro a realidade dessas cotas so favorece a quem ja tem desse jeito nosso Brasil nunca chegará a um denominador comum e será sempre o resto do mundo pque 3° ja não usa mais....MJPG

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  25. EU sou totalmente a favor das cotas,é uma ótima forma de inserir as pessoas de baixa renda. independente se negro,branco,amarelo, índio atc.
    no ensino universitário.

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  26. é uma sumidade em se tratando de brasileiro preocupado com as questões raciais e sociais! É muito fácil falar hoje em paridade de armas entre negros e brancos, já que nós(negros) é que fomos arrancados das nossas vivências e trazidos para um continente desconhecido, expostos às mais torpes atrocidades e até hoje não nos pagaram aquilo que nos é devido! Chega dessa hipocrisia de dizer que as cotas tem que ser sociais, pois, ainda pensando dessa forma, os negros estão em disparada em se tratando de menos abastados e discriminados! TOTALMENTE A FAVOR DAS COTAS!

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  27. Na minha opinião a coisas que devem ser superadas , e isso é uma delas . A grandes homens negros que são muito ricos , inclusive a varias pessoas que são afrodescendentes que ja se levantaram .

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