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domingo, 18 de outubro de 2009

TRISTE CIDADE MARAVILHOSA



Ontem, 17 de outubro de 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi noticiada, nos principais meios de comunicação do mundo, pelo fato da policia militar ter tido um helicóptero abatido por criminosos. Vale ressaltar que esta tragédia ocorreu depois de quinze dias da escolha da cidade como sede das Olimpíadas de 2016.

Não tenho nenhuma pretensão de reinventar a roda, ser oráculo do saber, nem muito menos aproveitar a oportunidade para “chutar cachorro morto”. Entretanto, devido a vários pedidos, vou tecer breves comentários sobre a questão da (in)segurança pública da cidade do Rio de Janeiro – cidade olímpica de 2016 e uma das sedes dos jogos da Copa do Mundo de 2014 – que vai esvaziando os encantos mil e sendo um grande desafio a ser superado.

O Estado do Rio de Janeiro não tem políticas públicas de segurança. O Governador do Estado reduz segurança pública à atuação policial. Ele, várias vezes, durante a campanha eleitoral e depois de eleito, afirmou que iria solicitar o apoio do Exército para trazer segurança aos cariocas. Só que ele não “sabia” que para colocar o Exército nas ruas, o governador teria de declarar a ineficiência da sua polícia. Isto ele não fez, pois sabe que seria sua derrocada política. Visto que não poderia contar com o Exército, passou a afirmar - na mídia - que a polícia iria para o enfrentamento contra a criminalidade, incitando os policiais a combater. Vale ressaltar, que a função da polícia não é combater, e sim proporcionar segurança pública. No primeiro erro policial flagrado pelas câmeras, o Governador aparece na mídia aos berros chamando os policiais (pais de família no cumprimento do dever) de monstros de farda, se isentando de qualquer responsabilidade e jogando os policiais ao “linchamento” público. Toda sociedade perde quando alguém - imaginem então o Governador do Estado - desvaloriza o trabalho policial.

Quanto ao Secretário de Segurança Pública, este, com a maior naturalidade do mundo, afirma: “não se pode fazer omelete sem quebrar os ovos” em referência às vítimas de balas perdidas nas operações policiais nos morros cariocas. Fica a indagação: será que ele ou o Governador tem algum parente morador de favela? Há quinze anos atrás o Coronel Nazareth Cerqueira (Ex-Comandante Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro) criticava as autoridades estaduais: “As mortes de terceiros são vistas pelas autoridades estaduais da segurança pública como inevitáveis; as dos criminosos como desejáveis; e a dos policiais como heróicas”. Nada mudou na ideologia das autoridades, porém a violência vem aumentando significativamente. Será que eles não vão perceber que dar prioridade a helicópteros blindados, “caveirões” (viaturas blindadas do BOPE) e ocupações policiais nos morros é uma estratégia fracassada?

Se as autoridades de segurança pública quisessem realmente diminui a violência, eles: primeiro, elaborariam políticas públicas de segurança e abandonariam o amadorismo, pois eles tentam mitigar as conseqüências e não atuam na erradicação das causas dos problemas; segundo, tratariam de forma igual os cidadãos, independente se eles moram nos morros ou nos “asfaltos”, são pobres ou ricos, pretos ou brancos, e não mais divulgariam que as vítimas dos tiroteios são pessoas criminosas, sem ao menos fazer uma investigação sumária sobre a vida pregressa do de cujus; terceiro, buscariam disponibilizar e não negar à população pobre e favelada serviços essenciais como: educação, saúde, transporte, saneamento básico, dentre outros. Pois, já afirmava Freud, toda exclusão tem o seu retorno.

Por fim, enquanto o Governador do Estado achar que a morte de "criminosos", em tiroteios com a polícia, justifica o elevado número de vítimas de balas perdidas e continuar "gastando gente" com a sua estratégia de enfretamento, o Rio de Janeiro vai sendo uma triste cidade maravilhosa.


9 comentários:

  1. Parabéns pelo artigo. Infelizmente, é a mais pura verdade.
    Marcelo
    Realengo-Rio

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  2. Esse é o país do futuro!!!
    Copa, só se for de árvores,
    Olimpíadas, sim: tiro ao alvo,arremeço de corpos, e outros esportes que o rio já é campeão a muitos e muitos tempos!!!
    Salve-se quem puder, se é que dá tempo ainda!!!

    Soy Jo marinho, Abraão

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  3. Triste realidade brasileira!

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  4. A segurança é uma das necessidades básicas do indivíduo. Revela-se a exigência da segurança como um dos elementos informadores de uma existência digna, conteúdo fundamental dos direitos humanos, sendo sua busca inerente a própria história da evolução humana. Porém, manter-se a salvo da violência e sobreviver em segurança tem se configurado como uma das maiores utopias hodiernas; mesmo até para os Estados, que para assegurar aos seus cidadãos uma existência digna contam com o poder decisório de seus administradores, este muitas vezes aquém das expectativas e da eficácia esperada da emanação de seus atos.
    Decisões de políticas de segurança pública encontram abrigo no exercício do poder de polícia (limitação do exercício dos direitos individuais em benefício do interesse da coletividade) do Estado. O ente federativo, enquanto administrador, limita e condiciona liberdades e direitos exercendo a função de polícia. A atividade administrativa da polícia -função (polícia administrativa) é exercida por diversos órgãos, atuando em caráter preventivo.
    Compondo a polícia administrativa, a polícia corporação ou polícia-instituição é uma unidade administrativa que vinculada ao sistema de segurança pública, desempenha a função principal de prevenção da pertubação do interesse público, em caráter repressivo.
    No exercício do poder de polícia há predominância do interesse público em relação ao interesse privado, seu fundamento mesmo é a supremacia geral dos interesses estatais exercida em relação às pessoas, os bens e atividades, nos limites de seu território.
    Quando a polícia-corporação exerce suas funções deve ter como missão a garantia do exercício das liberdades individuais, de modo a assegurar que todos possam exercer seus direitos dentro dos limites da lei, protegendo uma coletividade do mau uso dos direitos por particulares, tendo em vista o interesse público - isto é propiciar segurança pública.
    Ao planejar a segurança pública os atos dos administradores devem ser embasados em princípios que levem ao alcance de uma eficácia plena - compras de viaturas (algumas vezes, de veículos inadequados ao serviço policial)ou ocupações em locais de disputa pelos líderes do tráfico de drogas(locais anteriormente abandonados pelo poder público favorecendo a incrustação do tráfico de drogas e armas) revelam-se como verdadeiras panacéias. Visam apenas uma resposta rápida a sociedade para eventos que se tornaram pontuais, sem possuir a preocupação verdadeira com a resolução do problema.
    Continua

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  5. (continuação)
    A questão da segurança pública perpassa pela má gestão pública, em que mais preferem investir seus administradores em ações que os ponham em evidência do que asseguar uma existência digna aos signatários das ações públicas. Perdendo o foco da eficiência dos seus atos, torna-se melhor anunciar a cobrança de novos impostos ao contribuinte ou compras de equipamentos caríssimos para combater a violência que traçar um plano de metas para a educação ou garantir atendimento digno no Sistema Único de Saúde (SUS).
    O poder é uma prerrogativa que pressupõe a existência de uma autoridade competente para o desempenho de determinada função. Para as autoridades administrativas este poder é poder-dever, ou seja têm a obrigação de exercitá-lo para o alcance de uma finalidade legal ante a sociedade, agindo sempre na defesa dos inteesses coletivos.
    A administração de qualidade exige de seus administradores uma conduta ética no exercício do poder-dever em acordo com a moral e os bons costumes. A dignidade administrativa pressupõe honestidade e respeito ao cargo exercido. Não poderá o administrador fugir ao seu desiderato, omitindo-se ou mesmo pondo a culpa das consequências advindas de seu mau zelo pela administração em outros agentes, ou ainda tratando com desprezo, aviltando ou maltratando seus servidores, que corporificam o Estado e fazem valer sua vontade.
    Os limites éticos e os princípios da boa administração pública não devem ser olvidados, sob pena de concretizar-se a reflexão filosófica de Caetano Veloso, que já anteriormente havia revelado em sua canção que "enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais".

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  6. O companheiro acertou na mosca. Fazer polícia com governante tão aleatório é mais temerário que combater bandidos. Ele efetivamente reduz o discurso da segurança pública à polícia, mandando-a ao enfrentamento tresloucado. Quando a ação é acertada, como no caso do assaltante da granada abatido por atirador de elite, na Tijuca, ele espertamente silenciou, não emitiu um só elogio; quando a ação resulta em falha, ele esculhamba a polícia e os policiais com neologismos e vocábulos tão repetidos que até decoramos: "irresponsáveis", "inconsequentes", "bandidos fardados" (essa ela adora porque foi inventada pelos colegas dele). E agora a última pérola: "os traficantes estão desesperados"... Ora, quem está desesperado é ele!
    Parabéns pela coragem do texto .

    Emir Larangeira

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  7. Gostaria muito que comentasse com o poder que sei que tem das palavras sobre os nossos infames gladiadores que morrem dia após dia. Perdemos mais um hj à noite!
    A indignação traz revolta. Não desejo mal à ninguem.
    Mas será preciso presidentes serem executados ou eles tem acordos com o tráfico?
    Nunes

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  8. Mas a culpa é do governo estadual? É da polícia? Do secretário de segurança? Do prefeito? Amigos vamos voltar um pouco ao passado, passado esse onde as famílias eram mais unidas, onde a figura do pai e da mãe era o máximo respeito e onde todo domingo era dia de missa, isso não faz muito tempo, pois tenho 44 anos e vivi essa época. Então qual o problema? Vamos aos fatos, dissecando na espinha dorsal da sociedade. O problema é a degradação familiar que como uma ratazana pari problemas sem parar, senão vejamos, qual o exemplo que um pai dá ao filho quando ele vai numa banca de camelô comprar o filme mais novo do Tom Cruise, por R$ 2,00, e ainda sai dizendo ser esperto pois nas lojas custa R$ 50,00. O que uma criança vai aprender vendo seus pais se estapeando dentro de casa ou na solidão do pai distante e a mãe ausente? Sim pois a maioria das pessoas pensa que dando os melhores brinquedos equilibram a balança da casa vazia e vendo isso o menino começa a subir seu preço na gangorra do absurdo, ele aprende a trocar desde pequeno e vai, vai até quando os brinquedos não têm graça e partem para coisa mais "interessante", drogas. Não estou aqui condenando ninguém, mas todos que lerão aqui se lembrarão de caso parecido. Depois vem os marketeiros e o poder da TV. Vamos comparar um celular, qual a função mesmo do celular? Fazer e receber chamadas, mas a mídia te convence que vc está para trás porque o seu celular não tem dois Chips, como vc pudesse ter duas cabeças para atender as duas ligações e respondê-las, o novo celular tem mais que isso, dá para armazenas 1000 músicas em MP3, mesmo nós sabendo que um celular tem a carga da bateria reduzida ao extremo quando falamos e, então o que a música vai fazer no celular? Vamos parar por aqui porque já mostrei o que queria, portanto sendo rico ou pobre todos querem ter o que nem precisam, mas cada um nas suas classes sociais querem ter esse lançamento, porém boa parte das pessoas não se prepararam na vida, não estudaram e só conseguem empregos que pagam pouco, mas então como fazer para comprar o que quero? Atalhos, que atalhos são esses? Corrupção, roubo, tráfico em pequena e grande escala e assim a vida vai. O problema é intrinseco ao ser humano, nunca estamos satisfeitos com o que temos e assim, como na bíblia diz " A porta do errado é sempre mais larga" Então uns traficam outros usam pois não acham graça na vida e daí para as guerrilhas de traficantes é um pulo, não há negociação, é a lei do mais forte, é a lei da bala e da imposição. A polícia? Bem a polícia fica no meio, um soldado ganha pouco mais que R$ 1.200,00 para colocar sua vida em risco e tendo cuidado com a bala perdida, mas sabe ele que o fogueteiro, aquele que solta rojões para avisar que a policia está subindo o morro ganha R$ 100,00 por turno. Então ele também cai na armadilha da corrupção, da corporação, onde eles fazem que policiam e todos sabem disso. Acabar com isso? Bem, se poderio economico e militar tivessem êxito, o maior comprador de cocaína do mundo não seria comprador, os EUA. Assim, tudo deve recomeçar, a família é a base de tudo, pois se vc mata um traficante hoje, amanhã tem outro no lugar dele, o que temos que fazer é que o povo pare de usar, mas o vício não deixa e assim é muito mais eficaz investir na educação pois as pessoas sabendo o mal que faz vão começar a evitar e os pais sabendo que mais depende deles do que de qualquer outro setor da sociedade o interese ou não do filho. Para que MBAs, Pós, Doutorados, 3 empregos, se o maior tesouro que temos só quer 1 coisa. Nossa companhia e atenção. Arregacemos as mangas e começemos a pensar nisso tudo antes de tentar achar um culpado para a situação da nossa triste cidade maravilhosa, porém não é a única. O prefeito da cidade onde morei até ano passado teve sua campanha financiada pelo maior traficante da cidade, o povo sabia disso, mas ainda votou nele, a culpa é da polícia? A culpa é de todos nós que fazemos esta sociedade sem limites nem vergonha.

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  9. Parabéns pelo artigo.
    A arma contra todo esta guerra é sem sombras de duvidas a educação, saude, moradia, lazer para todos. Precisamos de politicas onde todas as cores sejam abraçadas sem diferenças.

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