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domingo, 29 de novembro de 2009

O MAIOR DESAFIO DA NAÇÃO BRASILEIRA: COMO MOTIVAR QUEM NÃO GOSTA DE POLÍTICA?



Na semana passada, houve várias operações de busca e apreensão e cumprimentos de mandados de prisão, por causa de proprinas pagas a governador, deputados, secretários de estado e diretores de agências públicas. A famigerada corrupção política. Primeira indagação que faço: será que somente os corruptos e corruptores são os responsáveis? Será que as pessoas que têm orgulho de afirmar que têm ojeriza a política e que não têm o menor interesse de saber o quê se passa nesse meio - analfabetos políticos -, também, são responsáveis?

Segundo Berthold Brecht: "o pior analfabeto é o analfabeto político, pois ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimento políticos, não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia a política. Não sabe que da sua ignorância nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o explorador das empresas nacionais e multinacionais." (destaque em negrito dado por mim). 

Na semana passada, os casos que mais chamaram atenção foram: o do Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de pagar proprinas para deputados (mensalão do Distrito Federal) e, também, de receber proprinas de empresários em troca de favorecimento público; e a prisão do ex-diretor da AGERBA  (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia), Antonio Lomanto Neto (filho do ex-governador da Bahia, Antonio Lomanto Júnior, e tio do líder do PMDB na Assembléia baiana, Leur Lomanto Júnior), acusado de cobrar propina aos empresários do ramo de transporte rodoviário, estando, também, como possíveis beneficiados do esquema dois deputados estaduais e o Presidente do PMDB baiano.

Os casos de corrupção na política brasileira, apesar de serem rotineiros, não podem ser naturalizados. Os políticos brasileiros mais lembrados, quando o assunto é corrupção, são os ATUAIS parlamentares: senador Fernando Collor de Melo e o deputado federal Paulo Maluf. Quanto a este último, existem inúmeros processos judiciais por corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisa, desvio de verbas públicas, dentre outros. Entretanto, quando ele foi preso com o seu filho, Flávio Maluf, suspeito de desviar milhões dos cofres públicos, um Ministro da Suprema Corte (leia-se Supremo Tribunal Federal) disse  que estava  comovido com um pai na mesma cela que um filho. Fica a indagação: será que este Ministro se comoveu com os pais e mães de São Paulo que viram seus filhos morrerem por falta de leito hospitalar ou por falta de médicos para atendê-los, pois o dinheiro para aquisição do leito hospitalar ou para a contratação dos médicos foi desviado por este pai (Maluf) e seu filho que ele acabara de soltar? Indubitavelmente que não, pois no círculo social de um ministro do STF não existem pessoas que dependem da rede pública de saúde.

O Supremo Tribunal Federal nunca condenou nenhum político criminalmente, e pior, em recente entrevista a um site político, o deputado federal Luiz Bassuma (BA), categoricamente, afirmou: "O Supremo tem gente corrupta. Tem um ministro lá que está sentado há três anos e meio em cima de dois processos do Paulo Maluf. Por quê? Só para dar o voto. Depois de 30 anos tramitando está lá na mão dele". Depois acrescentou: "É o Lewandowski . Ninguém tem coragem de dizer, mas eu denunciei lá na tribuna, mas não adiantou nada". 

Costumo dizer que os nossos políticos não vêm de Marte nem de Plutão. Eles surgem da nossa sociedade e são consequências dos nossos votos, entretanto muitos brasileiros não valorizam  os  pleitos devido a falta de interesse em assuntos políticos, tendo como resultado o desconhecimento das consequências dos votos dados a esmo. Daí a importância de politizar toda a Nação brasileira, a fim de consolidar, plenamente, o Brasil como um grande País. Porém, quando a corrupção é generalizada, sem expectativa de melhora ou punição para os culpados, e os impostos são os maiores do mundo, sem que haja retorno para os contribuintes, fica o questionamento: como motivar quem não gosta de política?

 

6 comentários:

  1. Texto extraordinário. Só isso!

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  2. Como motivar quem não gosta de política? Dizer educação, seria um tanto cliche, sabendo que isso é base, indsicutível. Conscientização política? Todo deveriam ter, mas isso, ainda, não motivaria por si só esses que não gostam.
    Talvez, para esses que não gostam de política, seria necessário uma Transvaloração de valores* para eles passarem a se importar e ficarem motivados a se conscientizar com a política do país...

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  3. Caro amigo Marinho, a questão é complexa e simples. Penso que uma educação pautada na reflexão, na criatividade, na formação de idéias com o objetivo de corrigir os problemas nacionais, na solidificação do que é realmente cidadania, desde a infância até a Universidade, conseguiríamos brasileiros ativos na política, com ideais sociais. Sei que o discurso é batido, mas como a minha geração não vai pra frente do palácio do governo em Brasília e não exige a saída daquele pilantra !!!!???? Estamos demonstrando total descaso com o que oocorre no país !!! Por que não fomos para a frente da sede do STJ para protestar contra a declaração daquele ministro, sobre Maluf e seu filho !!!!???? O povo não se dá conta do poder que tem, do que podem fazer para mudar quem está no legislativo, mesmo antes dos 4 ou 6 anos. Na Argentina, estaríamos vendo um bando de ladrões do legislativo, correndo, se escondendo do povo para não serem linchados. A forma como um pai estimula seu filho a pensar faz a diferença mesmo que seja a longo prazo. Ainda acredito que a solução parte da mobilização social, mobilização conciente: um povo, se movimentando para buscar algo que traga alguma melhoria para o país, seja retirando um molítico do seu mandato, exigindo sua renúncia, exigindo a mudança da lei para que eles possam continuar sendo processados, mesmo renunciando; exigir a redução da carga tributária ou a correta aplicação dos recursos públicos e uma infinidade de reclames. Mobilização social, esse, pra mim, é o caminho.

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  4. Há algum tempo venho procurando um espaço de debate que me possibilite ampliar minhas interpretações referentes há alguns complexos sociais que constituem meu objeto de análise, dentre os quais dou destaque para o Direito, o Estado e o que considero, em dada dimensão, sua antítese, o trabalho, como categoria fundante do ser social.
    Vinha recebendo com freqüência os e-mails do referido blog, que acabo de me inscrever como membro para iniciar o debate. Percebi que o responsável inclusive se trata de um prezado amigo, que tenho extrema admiração e guardo boas lembranças da escola de capoeira do Mestre Eziquiel que tivemos oportunidade de participar juntos.
    Acredito que, por minha orientação epistemológica e acadêmica (respectivamente, tenho como suporte teórico-metodologico o marco do materialismo histórico dialético e sou professor de Educação Física) posso não estar unilateralmente acordado com os participantes e com algumas das reflexões postadas, no entanto, entendo estar aberto respeitosamente o espaço para o debate e assim trarei minhas inquietações, mantendo-me a disponível para a crítica.
    Gostaria de começar a reflexão a partir da ultima postagem, mais especificamente de sua conclusão, onde vejo um elemento fundamental para enriquecer as possibilidades concretas do debate, sua intenção clara de buscar a natureza de sua “tese” a ontologia do ser político. Por outro lado ao apresentar sua “hipótese” me parece que você escorrega em uma perspectiva unilateral, que costumo chamar (se me permite o neologismo) de culpabilização da vítima.
    Não quero e não vou em hipótese alguma invalidar sua conclusão, é um fato concreto que a falta de maturidade política em nosso pais nos causa problemas dos mais crisicos possível, exemplo na Bahia que você esta distante a certo tempo foi eleito recentemente um vereador que não tinha nenhum direcionamento político, e apenas estava brincando como a possibilidade de eleição por seu destaque na mídia, como dançarino de uma banda de pagode. Isso me parece ser a ressonância da nossa formação política. Por outro lado camarada, convoco novamente sua elaboração intelecto-filosofica de buscar a natureza das coisas e nesse sentido me estendo até as ultimas conseqüências para levantar o seguinte questionamento, de onde vem a falta de consciência política que você tanto da destaque em seu texto? Se seguirmos a linhas dos ditos, pós modernos que tentam encontrar problemas para a realidade sem antes explicá-las, vamos apenas implantar reformas, e de reformas, estamos cheios de suas impossibilidades desde o iluminismo e ta razão como salvadora da humanidade. Creio Marinho que a coisas de fato não podem ser pensadas como dadas e, nesse sentido um conjunto de questões contribuem para esse recuo político da população, dentre eles o que entendo ser a base material, a qual não sendo alterada nada na realidade concreta sofrerá transformações, apenas mudanças e isso não sou eu que falo, mas os 400 anos de história da consolidação do modo de produção capitalista.
    E por falar em base material, vou caminhar em uma ordem inversa na análise de suas reflexões e problematizar outra questão que você traz, a primeira que diz respeito a passividade política como a maior forma de acordo político dominante; a segunda referente a corrupção e na terceira formulo uma conclusão sobre forma de dialogo.

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  5. Eu tenho total acordo como você, quanto o posicionamento político passivo da população e a conseqüente admissão do que esta posto. É ingenuidade pensar que, negar a “política” é assumir uma postura de pseudo-revide as posturas dos “políticos” no nosso pais. Se eu fosse puxar a sardinha para meu lado, como educador diria que a problemática esta TAMBÉM na formação, mas não seria ainda sim contraditório, diria, também, por entender que é a base material, onde esta presente o elemento modo de produção, que é a forma histórica que o homem encontra para garantir suas condições de existência material, que sendo transformada altera todas as demais dimensões da existência humana, no presente momento essa base material que me refiro é o capital em suas múltiplas facetas.
    Pensando dessa forma não sei se seria um grande equivoco considera que a natureza da formação política esta nesta base material, e portanto, o conjunto ideológico e material que tenciona a grande maioria da população direciona única e exclusivamente para a negação política, e nesse sentido camarada, a grande massa negar a política é um grande serviço que se presta a social-democracia e aos interesses dominantes, ou pode-se pensar falseadamente que existem sujeito passivos do ponto de vista político na classe dominante, ou melhor dizendo (para que eu não seja estereotipado), nos integrantes das classes mais favorecidas. Não! Não existe, o que se tem nesses grupos são verdadeiros defensores da pseudo-esquerda que ganha o coração brasileiro com seu populismo, suas políticas assistencialistas e que ainda transitam o poder deixando seus representantes com uma excelente imagem. Caso estejam duvidando do que eu escrevo aqui, é só ir ao cinema assistir o filme de Lula.
    Referente ao segundo elemento de seu texto, fazendo uma articulação com o que trago de central, a base material. Posso inferir também, que não seria um trabalho hercúleo olhar para história e, resgatando ainda a base filosófica de busca da natureza das coisas identificar que corrupção não é uma problemática exclusiva do Brasil (não você tenha dito isso) e se acentua ora em um lugar, em função de uma conjuntura, ora em outro, mas o que remonta a natureza da corrupção, não me parece ser nada mais e nada menos que existência, no ceio da sociedade, da defesa da propriedade privada.
    Já que toquei em um ponto extremamente problemático, vou abrir um parentes e fazer um devido e necessário esclarecimento (que tenho sido obrigado a fazer nos cursos que dou aula), propriedade privada, se refere a propriedade privada e, portanto não social do capital, logo a propriedade sobre o trabalho de outrem e sobre o meios de produção emergentes tanto nas sociedades escravistas – o escravo – no feudalismo – a terra – e no capital – os meios de produção industrial, logo não sou contrario a idéia de cada um ter suas casa, sua escova de dentes e seu carro, desculpem se isso parece zombar no conhecimento de quem lê, mas posso provar que doutores pensam que a luta contra a propriedade privada no capital se traduz nesses pormenores.

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  6. Voltando, a corrupção aparece no interior dessa defesa, e impossível manter e legitimar o direito a propriedade privada, sem ter que remontar a história e descobrir claramente que não existem predestinação, o interesse privado so é democrático e justo quando não é contestado.
    Pro fim camarada, sintetizo minha intervenção e posiciono meu direcionamento político colocando como resposta a citação de Berthold Brecht a crítica que Marx faz a Feuerbach, diz ele:

    “A doutrina materialista de que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado. Ela acaba, por isso, necessariamente, por separar a sociedade em duas partes, uma das quais fica elevada acima da sociedade (por exemplo, em Robert Owen). A coincidência do mudar das circunstâncias e da atividade humana só pode ser tomada e racionalmente entendida como práxiss revolucionante”.

    Forte abraço,

    Eduardo Correia

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