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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Exército e Religiões de Matrizes Afro: Inserção ou Intolerância?



No próximo dia 20 de setembro, na cidade do Rio de Janeiro, haverá a II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Entre os fatores que ensejaram a criação da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, que já está promovendo a segunda caminhada, houve o fato de uma mãe perder, provisoriamente, a guarda do filho caçula porque a juíza – leia-se ESTADO – entendeu que ela não tinha condições morais de criar a criança por ser candomblecista. Ou seja, por ter uma religião, indubitavelmente, diferente da religião da juíza, em um País Laico, a mãe pagou com a perda do filho.


Infelizmente, não gostaria de escrever sobre estes assuntos, entretanto não posso me furtar e permanecer calado diante de tantos insultos ao próximo pelo simples fato da pigmentação da pele ser escura, o cabelo ser encarapinhado ou a religião ser de matriz africana. Não acredito no fato de que as benesses para os negros surgem naturalmente, sem que haja qualquer tipo de intervenção; por isso, vamos adiante!

É comum no Exército, por ocasião das datas festivas (dia do Exército, dia do Soldado, aniversário de batalhão e, mais recentemente, na semana da Pátria), haver cultos religiosos para os militares. E como os cultos são feitos para os militares, todos são obrigados a participarem. Não só sou a favor, como incentivo às práticas religiosas dentro dos quartéis. Todavia, o descaso para com muitos militares é estarrecedor.

Nos quartéis, existem os cultos: católicos, evangélicos e espíritas. Logo, quem é ateu já ouve, de imediato, a seguinte frase do seu superior hierárquico: quem é ateu tem que escolher uma religião para assistir o culto, pois só pode haver um destes três destinos – culto católico, evangélico ou espírita – para o militar. Você que está lendo, neste momento, pode está pensando que não há nada demais um ateu ser obrigado a freqüentar um culto religioso. Apesar do ateu não poder ser obrigado a freqüentar nenhum tipo de culto religioso, pois é inviolável a liberdade de consciência e de crença (Art. 5º, VI da CF/88), o fato em questão é outro: e quem é do candomblé ou da umbanda faz o quê diante de uma ordem emanada de um superior hierárquico dentro do quartel? Não cumpre e vai preso?

Os cultos religiosos dentro dos quartéis são imprescindíveis, entretanto o candomblé e a umbanda são religiões e seus adeptos não podem ser relegados e, muito menos, obrigados a participar de outros cultos religiosos. Será que os comandantes não sabem que existem religiões de matrizes africanas? Ou será que eles acham que no Exército não existem pessoas de religião distinta da: católica, evangélica e espírita? Já passou da hora dos Babalorixás e Yalorixás ocuparem posição de autoridade - igual ocupam os Bispos da Igreja Católica - nas cerimônias militares do Exército.

Quando debato sobre políticas afirmativas dentro dos quartéis, meus superiores me dizem que a nossa Nação não tem brancos e negros, mas sim brasileiros. Eu agora afirmo: há brasileiros na umbanda e no candomblé. Logo, tem que haver a inserção destas religiões nos quartéis, caso contrário, é intolerância religiosa!


13 comentários:

  1. Ok, tá dado o recado...
    mas seria o máximo ver um general tomado por exu,fumando charuto e bebendo cachaça e todos dando MEIA VOLTA VOLVER ATÉ DESMAIAR...
    RÁAA
    SE IA!!!
    ABRAÇOS MARINHO!!!
    ABRAÃO MACEDO!!!

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  2. Sábio não é aquele que demonstra sabedoria em suas palavras, mas aquele que demonstra sabedoria em seus atos.

    Fiat justitia et ruat caelum - Faça-se justiça, embora desabem os céus.

    Parabéns meu irmão!!
    Um grande abraço!!


    Uanderson Medeiros

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  3. Em detrimento a todas as atrocidades que estão sendo acometidas no mundo como um todo em diversas áreas seja religião e/ou política assim como tecnologia urbanização infra-estrutura dentre outros, aproveitando a oportunidade e compactuar com esses ilustres pensadores e grandes críticos e estudiosos em determinadas áreas que a priori nos aflige para com isso saborearmos o momento de aprender a pensar e raciocinar de forma lógica e sábia, para que em um dado instante momento saibamos nos colocar diante de algumas situações inusitadas e darmos as respostas plausíveis pautadas em um conhecimento fundamentado teoricamente, para que dessa forma possamos ter o direito de ser ouvido e posteriormente o direito de expressão como forma de sermos cidadãos inclusos nos processos de decisões dessa sociedade que é hostilizada também pela falta de críticos e pensadores como é o caso do Capitão Marinho, Sérgio São Bernado, Profº Sandro Correa,Valdiria Lopes dentre outros que faz parte da nossa negrada.

    Parabéns Capitão Marinho!

    Clemevaldo Paulo
    Gestor Ambiental
    Técnico Segurança do Trabalho

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  4. Acredito que a hipocrisia religiosa sempre foi uma tônica na sociedade e por tanto, refletida junto a ceserna, que possui um perfil mais conservador, já que podemos arriscar em apontar uma elevada percentual dos ditos católicos são frequantadores assíduos ou eventuais de cultos afrobrasileiros, logo, penso que a questão é "cair a máscara e assumir a própria fé, por mais eclética que seja, frente ao grupo socio-profissional a que pertence. Sugiro um levantamento dos adeptos das religiões ignoradas e uma ação judicial para prover os eventos "paralelos mas oficiais" dentro de cada unidade militar.

    PS: parabéns pela iniciativa.

    Cláudio Alencar
    alen7@uol.com.br

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  5. Parabéns pelo trabalho!

    Cia João de Barro

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  6. Muito importante sua reflexão. O mesmo estamos fazendo em relação ao ensino religioso nas escolas.
    Acredito que esta será nossa próxima área de atuação a ser potencializada, visando que o Estado seja de fato laico.
    Parabéns!!!

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  7. Caro capitão Marinho.

    O correto é que cada um seguisse o seu credo
    fora do seu local de atividade profissional e
    que nas escolas fosse ministrado o estudo de história das religiões e suas matrizes, sem distinção e proselitismo.

    Entretanto, como o Brasil NÃO é na prática um país laico (vide, p.ex, a citação do nome de Deus (cristão) em nosso papel-moeda) e as Forças Armadas insistem em ser TUTORAS da nação (com arma na mão de um lado só é fácil para qualquer grupo, mas no mano a mano aí a coisa mudaria de figura, não é verdade? )e a Igreja Católica também acompanha...

    O seu artigo toca no ponto correto ao reivindicar a presença de TODOS e não de alguns. Porém insisto que o ideal é não ter a atuação de religiosos pregando a vera, como se diz na gíria, seus credos em quartéis e outros espaços sustentados pelos cofres públicos.

    Saudações, Miro Nunes (jornalista, Rio)

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  8. Parabenizo e acompanho as materias do Blog do Senhor, estou muito orgulhoso pelo papel que o senhor busca desempenhar, buscarei pensar e agir de igual forma.
    No universo não existe acaso!
    Nilton

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  9. Estimado companheiro Capitão Marinho,

    Vivendo no Recôncavo Baiano sou testemunha do avassalador processo de sufocamento das religiões de matizes afro-indigenas. Lembro-me bem que, não há tantos anos atrás, coisa de uns 25 no máximo, ao transitar-se pelas margens do Rio Paraguaçu, com destino a Cachoeira ou Maragogipe, incontáveis eram os terreiros, facillmente reconhecidos por suas bandeiras brancas sempre desfraldadas. Agora - no dizer de um dos entrevistados para livro que estou produzindo, tendo um capítulo sobre o tema - "todo mundo anda com a Bíblia debaixo do braço", ao se referir a certas tendências evangélicas, inimigas declaradas do camdomblé, da umbanda, etc. Todos os brasileiros conscientes, negros ou brancos não importa, têm que se associarem à luta pela manutenção da história de nossas raízes. Parabéns e conte comigo.

    Fraterno Abraço

    Hugo Carvalho

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  10. Seu curriculum vitae demonstra a sua formação e conhecimento e, como você mesmo disse, conhecimento é poder, poder para reivindicar dentro da mera legaliade do que está escrito na Carta Magna, só isto, pis na époa de Jesus a verdaira religião não era a oficializad e sim a praticada, vivida verdairamente pels discipulos, pels seguidores de Jesus. Você entende que o seu conhcimento de liberdade religiosa, uma tolerância que o novo conceito de direito introduziu para que os povos pudessem apnas viver sem mortes, pois em pleno século XXI, vcê cheio de conhecimento ainda se apega aos rudimentos religiosos, alegando que outras religiões tem direitos e você também quer o seu direito, como se a eternidade fosse adquirida com reivindicações na justiça. A justiça humana não vai levar ninguém aos céus. No juízo final o que vai valer é o ter vivido como Jesus ensinou, não como a mãe pai de "santo", se é que você crer em alguma coisa ligada a juízo final. O deus que você quer cultuar é satan, é o exu, e por essa razão até os que não praticam religião entendem, só você está cego e não vê qe a salvação da humanidade só pode vir por Jesus Cristo o Senhor do Céu e da Terra, Criador e dono de toda alma ou espírito. Os demônios tremem quando ouvemo nome de Jesus, até eles se curvam diante de Jesus. Por isso só a Jesus devendo reverenciar, adorar. Deus te ilumine.

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  11. Salvador -Ba cabula bl 25 ap 304!!!
    Parabéns pelo trabalho maravilhoso, você é uma grande promessa num futuro proximo, precisamos de pessoas como você, inteligente, batalhador, estudioso e otimista. Pessoa impar, que com seus conhecimentos adiquiridos ao longo desses anos possa transmiti-los com muita seriedade e perceverança!!!
    Um abraço, saúde e boa sorte!!!

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  12. Profeta!
    Graças que pudemos ver este dia chegar, e graças também que este dia se inscreveu na Bahia!
    Colofé meus irmãos!
    Tenham fé em nossa fé. Acreditem e gritem; exijam o direito de sermos nós!

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  13. Em um estado laico, o mínimo que poderíamos esperar de instituições nacionais, a exemplo das forças armadas, seria o respeito aos valores multifacetários de nossa sociedade, especialmente quando se referem aos aspectos religiosos.

    As religiões, como sabemos, regem a maneira como o indivíduo se relaciona com o sagrado, logo podemos considerar uma espécie de tortura psico-espiritual, sem tamanho, obrigar ateus e agnósticos participarem de eventos religiosos. O mesmo se aplica a negligência as religiões de matriz africana. Não incluí-las como parte importante da cultura nacional e dos eventos religiosos do exército e demais forças armadas representaria um posicionamento questionável, para não dizer antipatriota.

    Parabéns pelo texto e pela reflexão, Capitão Marinho. Gostaria de ser informado quando o candomblé ou a umbanda forem incluídos nas cerimônias das forças armadas, será sem dúvida um ato de respeito sem precedentes. Nosso povo se sentirá um pouco mais representado, bem como o chamado sentimento de brasilidade alcançará uma parcela significativa e fundante da sociedade brasileira.
    Guellwaar Adún

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