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sábado, 5 de setembro de 2009

OS GOVERNOS MILITARES DEIXARAM SAUDADES?



É com muito pesar questionar isso, mas será que os governos militares – ditatoriais – deixaram saudades em pleno Estado Democrático de Direito?


Na época dos governos militares, os políticos brasileiros, pelo menos aparentemente, tinham Causas, ideologias e sonhos. Nos partidos, a maior atração para futuros filiados eram as suas bandeiras, havia uma Causa. Hoje, no Estado Democrático de Direito, a população não sabe, com raríssimas exceções, a Causa do seu candidato ou do seu partido porque eles não têm. As Causas foram preteridas para os cargos comissionados e a manutenção dos mandatos eletivos, a qualquer preço. Enquanto na época dos governos militares, as pessoas reivindicavam a manutenção dos partidos políticos, por questão de identidade ideológica, hoje, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebe várias denúncias de infidelidade partidária, pois os políticos acham que os mandatos são deles e não dos partidos.


Atualmente, moro em Bagé-RS cidade natal de um dos maiores ditadores (segundo os historiadores) que o Brasil já teve, o Ex-presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici. Procurei saber sobre o patrimônio que ele tinha em vida, acredite, ele não tinha fazendas, apartamentos de luxo, contas no exterior, ou seja, nada incompatível com o seu salário de General. Entretanto conheço prefeito de cidade de trinta mil habitantes, que antes de se eleger, ganhava dois salários mínimos como funcionário da prefeitura, e agora, no seu segundo mandato, já tem postos de gasolina, fazendas e carros importados; conheço deputado que antes de entrar na política era estudante universitário de família pobre, e hoje, tem mansões e jatinho.


Na época dos governos militares, existiam vários partidos de esquerda, mas somente uma ideologia: democracia. Hoje, os partidos de esquerda estão no poder, mas será que estamos tendo democracia?


Aproximadamente, há seis anos atrás, Salvador-BA recebeu a visita do Presidente de um País africano que queria fazer negócios com a “capital ocidental da África”. Salvador-BA é conhecida assim por possui uma população de mais de oitenta por cento de descendentes de africanos. Quando o Presidente africano reuniu com a cúpula da capital baiana, ficou estarrecido, pois só tinham brancos. Ele perguntou: como podia uma cidade, que é conhecida pela enorme predominância de negros, não ter nenhum negro fazendo parte da cúpula? Depois disse: que Democracia era a representação de um povo, e que aquela cúpula não representava o povo. E por fim, concluiu: esta cidade não sabe o que é democracia. Foi embora com a sua comitiva e se recusou a fechar qualquer tipo de acordo com aquela cidade “democrática”!


Na época dos governos militares, Chico Buarque já era um cantor consagrado, e as vítimas do sistema tinham nas letras das suas músicas uma fonte de esperança para as atrocidades cometidas pelo Estado ditador:


“(...)
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.
(...)
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa.
(...)”


Atualmente, existe uma Comissão de Anistia que concede indenizações milionárias pelas atrocidades cometidas pelo Estado na época dos governos militares. Entretanto fica a indagação, será que as pessoas que viram seus filhos, irmão e pais sendo assassinados pelo Estado, através dos policiais, têm a esperança, em pleno Estado Democrático de Direito, de receberem indenizações, ainda que não sejam milionárias? Será que temos a esperança que a violência desenfreada vai acabar? E o quê dizer daqueles que foram ferrenhos defensores da democracia, contra um regime ditatorial, hoje, defender, de forma veemente, a presença do Exército na segurança pública?


Na época dos governos militares, morreram dezenas de pessoas no Araguaia lutando por liberdade. Entretanto, hoje, em todo o Brasil, morrem milhares de pessoas que são vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte), ou de “balas perdidas” que matam as pessoas dentro das suas próprias casas, às vezes sentadas assistindo televisão e às vezes dormindo, sem jamais imaginar que ali acabara sua vida. Será que temos liberdade?


É indubitável que o Estado Democrático de Direito é o melhor sistema que existe. Entretanto, na época dos governos militares tínhamos Miguel Arraes, João Amazonas, Tancredo Neves, Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, Mário Covas e o próprio Lula. Enquanto hoje, temos o Senado Federal de José Sarney, Renan Calheiros, Wellington Salgado e Fernando Collor. Nunca se viu tanto fisiologismo em nome da governabilidade!


Meus amigos, é triste afirmar isso, mas, quando faço minhas reflexões, surge o questionamento: será que os governos militares deixaram saudades?

4 comentários:

  1. Caro amigo Marinho,
    Sobre os governos militares, eles impulsionaram o país, fizeram uma obra estrutural, nas comunicaçoes e estradas (Min. Barsotti e Min Andreazza), este último acoimado de haver ficado rico, uma blasfêmia, pois morreu pobre. Os governos que se sucederam, com todo respeito, poucos se salvam. mas, impulsionaram tb, como em uma corrida de bastão, lula pegou o bonde andando, os beneficios dos excelentes resultados do agronegócio, as sobras na balança comercial, o pagamento das dividas e, afinal, começou a distribuir as benesses do superavit, com a bolsa familia, que concordo em parte, desde que fiscalizadas.
    Quanto aos negros, no Brasil quase não há brancos, pois estes são os chamados dolicocéfalos, loiros de olhos azuis. A grande maioria é de mestiços, pois a nossa origem é de indios, negros e colonizadores europeus. Miscigenados, somos um exemplo de Naçao sem discriminaçoes. Portanto, não devemos fomentar discórdias onde não as há. Não viram negros, mas certamente viram mestiços, mulatos bonitos.
    Quanto ás cotas, conuanto aparentemente fomentem discórdias,sou favorável. é preciso descompensar o que está descompensado, para igualar. Tal qual o direito do trabalho, é necessário proteção ao hiposuficiente.
    Abrs
    Joseval Carneiro.

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  2. Edmilson Gomes Alcântara8 de setembro de 2009 às 14:12

    Caro Marinho,

    Com sinceridade não faço essa interligação violência urbana X ditadura X democracia.
    Em nada os militares deixam saudades, apenas desalento e histórias ruins.
    Não podemos esquecer que o CV nasceu da falta de habilidade da ditadura na manutenção do cárcere de presos políticos e presos comuns.
    E a corrupção é um mal que também tem origem na ditadura, você como bom baiano sabe a forma que nosso "coronel" apadrinhava os seus preferidos e sentem agora uma saudade danada do mesmo.
    Quanto aos Negros na Bahia,... Há os Negros, disso sim é bom falar veja só a opinião acima “... mulatos bonitos" percebe o maniqueísmo.
    Somos um POVO bonito sim, até por beleza ser muito subjetiva, mas na Bahia, ...triste Bahia.
    ...aqui estamos na frente ou atrás das armas, na pagina 12 do jornal ou nas penitenciarias 80% de um povo que só agora é 4% da população universitária.
    ...Triste Bahia, não é obra do acaso, é sim política segregacionista de mais de 40 anos.

    Um abraço fraterno
    Edmilson Gomes Alcântara

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  3. A violência policial é resquício da ditadura, onde se distribuem tapas no rosto só pra mostrar quem é que manda.

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  4. Sinto muita, muita falta!!!!

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